sexta-feira, 23 de fevereiro de 2018

Dizeres e Ditos na Carta Gastronómica de Bragança

Maria Clarisse Rodrigues
Sr.ª Dona Maria Clarisse Rodrigues, 66 anos, vive em Rabal. As pessoas na sua maioria viviam mal.
As pessoas comiam o que a casa dava. Começou a trabalhar mal saiu da Escola, ia com as vacas e ainda trabalhava em casa. Tinham um talho/taberna. Vendiam carne de cordeiro, de cabra, de ovelha velha, e vitela. Mais nos dias de festa. Sabia o que as pessoas comiam, pois ia levar a carne às suas casas. O cordeiro era baratinho, talvez 15$00 o quilo. O vinho colhia-o a casa. A Mãe alimentava muita gente, cozinhava cordeiro refogado, vitela assada ou refogada.
O pão de todos os dias era o centeio, nos dias de festa o trigo. Na matança juntava-se toda a família. Não se lembra de fazerem cozido à portuguesa, dobrada sim, comia-se usualmente.
No Natal o prato principal era bacalhau e rabas, ainda polvo. Os presentes eram laranjas, rebuçados e chocolates, e já ficavam contentes.
A Mãe fazia arroz de polvo. Fazia queijo de cabra e vaca, não fazia manteiga. As mulheres paridas comiam sopa de pita e a carne cozida. Em Rabal o butelo não tinha tradição. Diziam que as mulheres para encherem os chouriços não podiam estar menstruadas.
A fim de se conservarem as castanhas punham-se nas pias dos lagares com areia e folhas de castanheiro, ou em panelas de barro de Pinela.
Os vizinhos ajudavam-se muito, era à torna jeira. Lembra-se do rebusco, também foi, embora o Pai não gostasse. Agora já ninguém vai, é tudo rico!

Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança

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