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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018

Dizeres e Ditos na Carta Gastronómica de Bragança

Maria Antónia da Costa
Sr.ª Dona Maria Antónia da Costa98 anos, vive em Pinela. A vida era triste, tinha muita gente com muita fome.
Se sobravam couves coziam-se com batatas e carne de porco. A Mãe secava casulas.
Vitela nem a conhecia. Os cuscos só se faziam de trigo. Naquele tempo era tudo à miséria, agora é à fartura. De peixe comiam sardinhas e chicharros. Na matança lavavam-se os pernis e as orelhas dos porcos mortos no ano anterior e comiam-se ao almoço. Na manhã da matança figos, nozes e aguardente. Os rojões faziam-se da barbada e do véu do redanho.
No Natal a mãe dava-lhe bonequinhos de pano feitos de farrapinhos. E já era bom.
No Domingo Gordo comia-se a queixada do porco, na Páscoa folar, na festa leitão assado e bolos, na matança o sangue e o bucho do porco eram petiscos muito gostosos.
Pão centeio todos os dias, sopas de alho e unto muitas vezes. O serôdio só se usava para bolos.
Nos dias nomeados comia-se melhor, mesmo nos dias de ajuda como era arrancar as batatas, nesses dias, tínhamos fritas de bacalhau, sardinhas assadas e bocados de carne.
Batatas, feijão, grão-de-bico, ervilhas favas e couves constituíam o essencial do que vinha da horta, cenouras não eram conhecidas até aos anos sessenta do século passado.
O marido era pescador e apanhava barbos, bogas, escalos e trutas, enguias havia poucas. Fritava o peixe, fazia um molho de escabeche, acompanhava pão e vinho.
Produziam vinho, agora há pouco.
Fruta não sobrava, se estava magoada dava-se aos porcos. Compotas naquele tempo, não sabiam o que eram. Fazia-se marmelada. As amoras tiravam-se das silvas e comiam-se logo.
Na campanha da batata comiam-se sardinhas e um lato de batatas cozidas. Nas vindimas o mata-bicho incluía sardinhas assadas ou fritas, presunto e chouriço.

Carta Gastronómica de Bragança
Autor: Armando Fernandes
Foto: É parte integrante da publicação
Publicação da Câmara Municipal de Bragança

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