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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 7 de fevereiro de 2018

“Não há frio que encolha os transmontanos”

A Norte combatem-se as baixas temperaturas com trabalho, agasalhos e lareira.
Deolinda Rodrigues, 66 anos. Foto: Olímpia Mairos/RR
Habituados aos rigores do inverno e às temperaturas negativas, os transmontanos enfrentam o frio com naturalidade.

Deolinda Rodrigues, 66 anos, empurra uma carreta em direção ao campo para colher alimento para os animais. Vai agasalhada, mas diz-se “habituada ao frio”. Levantou-se às cinco horas da manhã, quando os termómetros registavam 6º graus negativos, para “ir fazer uma feira” e de regresso à aldeia de Vale de Anta, concelho de Chaves, ainda não parou.

Sempre sorridente, diz que “o trabalho aquece, claro que aquece, porque se estivermos parados sentimos mais frio” e gracejando atira que o frio “só assusta os lisboetas, esses é que têm frio, mas não há frio que encolha os transmontanos”.

Em Soutelo, à soleira da porta, Maria Granjo, 79 anos, também não teme o frio. O sol vai aquecendo o corpo e as conversas com as duas vizinhas e assim vão passando o tempo.

Quando sai à rua vai “agasalhada” e dentro de casa “lenha na fogueira” são os remédios que usa para ultrapassar o frio. Ainda assim a septuagenária não considera que esteja muito frio. E entende que as temperaturas negativas “são naturais e fazem falta”.

“O frio faz bem à agricultura, faz bem às pessoas, é bom para curar os presuntinhos e a bicharada”, sustenta, recordando que “antigamente o frio era bem maior, o pessoal novo agora é que não admite, mas é verdade, ainda me lembro de bufarmos às unhas que não era brincadeira, mas agora parece que notam tudo diferente”.

Aurinda Ribeiro está por perto e entra na conversa. “Tem estado um bocadito de frio, mas combate-se bem com “bom lume, boa roupa na cama e uns petiscos bons”.

Com 64 anos, Aurinda lembra os tempos em que “o frio era tanto que até fazia candeolas nos telhados (formas vidradas, pontiagudas, semelhantes a estalagmites) e a gente até as tirava com a mão e quando íamos aos nabos nem os víamos tínhamos que lhe dar com o gadanho”.

“Isso sim é que era geada, frio e neve, agora não, este frio aguenta-se bem”, remata.

O frio não passa, segundo Albano Couto, 72 anos, de “modernices dos mais novos e da gente do sul” e, por cá, “aguenta-se bem com aquecimento central, quando estamos em casa, e na rua ao sol ou a fazer qualquer coisita”.

Opinião semelhante manifesta Maria, 72 anos, que regressa de uns terrenos agrícolas e aproveita para dois dedos de conversa com as vizinhas.

“No campo é que se anda bem e olhe que com umas ganchas nas mãos não se tem frio, até se aquece que eu até tive que tirar o casaco”, conta.

Por aqui as baixas temperaturas até são desejadas, porque, como diz Maria “fazem bem à agricultura e ajudam a curar as carnes”.

“Já os antigos diziam que o frio tal como cura as carnes do porco também cura as das pessoas”, graceja.

Num terreno mais acima, Miguel Antunes, 48 anos, está a trabalhar com uma máquina elétrica de cortar erva. Prepara o terreno para em breve plantar as batatas. Veste apenas uma camisa e assegura que não sente frio.

Frio? Não está frio nenhum”, diz, assegurando que “lareira só à noite com uns bons copinhos”.

Olímpia Mairos
Rádio Renascença

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