Rui Pilão é um jovem realizador, natural de Bragança e fez um documentário sobre a comunidade cigana da aldeia de Penhas Juntas, no concelho de Vinhais. O filme mostra as condições de habitabilidade das cerca de 60 pessoas que moram no Bairro da Formiga.
“A minha casa não tem casa de banho e eu gostava que tivesse”, disse uma criança do Bairro.
“Quando for grande quero ser construtor para construir uma casa aos meus pais”, acrescentou outra.
São meninos de etnia cigana e estas histórias de vida estão reunidas no documentário de Rui Pilão. O jovem realizador, natural de Bragança que produziu um filme de 3 minutos com o objectivo de participar num festival norte-americano. Uma experiência diferente, como referiu o autor: “a maior parte das pessoas tem uma ideia pré concebida da comunidade cigana. Esta experiência deu-me uma perspectiva completamente diferente. Por exemplo, eles são os proprietários dos terrenos, eles não se apropriaram dos terrenos. O bairro começou com uma família que adquiriu o primeiro terreno, construiu uma casa e depois cresceu a partir daí. Ou seja, todos os terrenos que eles têm são deles”.
Rui Pilão pretendeu contar o filme através das mensagens inocentes das crianças: “a minha abordagem foi contar o filme através da inocência das crianças. Fui aquilo que me apercebi. É que apesar das dificuldades que eles passam, eles brincam e distraem-se e são felizes, dentro daquela realidade que vivem. É um bocado inconcebível para nós porque estamos a um estilo de vida e que às vezes somos infelizes, são algo aparente”, acrescentou o jovem realizador.
O realizador também conta que estas famílias são discriminadas na sociedade: “os homens adultos todos eles trabalham, só que como são famílias numerosas e acabam por ter poucas oportunidades na sociedade porque são discriminados. E sentem isso. Mas nunca vi a fazerem-se de coitados. E isso também mexeu comigo. E é importante para mudar a perceptiva que as pessoas acham que eles estão a pedinchar. Não! Estamos a dizer que é importante tratar as pessoas com dignidade. As pessoas têm que ter o mínimo ”.
O filme foi gravado através de um smartphone e agora está a concorrer no festival norte-americano que só aceita produções realizadas através de smartphones.
“Nasci no Bairro da Formiga e sou feliz”, diz um menino do Bairro.
Escrito por Brigantia
Foto: Rui Pilão
Jornalista: Maria João Canadas
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