Girinaldo, Girinaldo
Pajem do rei mais querido.
Queres tu, ó Girinaldo,
A noite dormir comigo?
- Quero sim, Real Senhora,
Mas estais mangando comigo?
- Não estou, Girinaldo,
Não estou mangando contigo.
- Diga-me, Real Senhora:
A que horas devo estar no postigo?
- Das dez para as onze,
Enquanto o rei está dormindo.
Ainda não eram as nove,
Girinaldo ao postigo.
- Quem bate à minha porta?
Quem arromba o meu postigo?
- Sou eu, Real senhora,
Que não falto ao prometido.
O rei estava sonhando
Com o que estava acontecido.
Pegou na sua espada
E foi dar volta ao partido.
Encontrou os dois na cama
Como mulher e marido.
- Para matar o Girinaldo...
Criei-o de pequenino.
Para matar a princesa...
Fica o reino perdido.
Meteu-lhe a espada no meio
Para que lhe servisse de castigo...
- Acorda, acorda, Girinaldo,
Que nós estamos perdidos!
A espada do meu pai rei
No meio de nós está metida!
- Onde estavas, Girinaldo,
Quando dei volta ao partido?
- Fui chegar o cavalo a beber,
Que ainda não tinha bebido.
- Não me mintas, Girinaldo!
Nunca me tinhas mentido.
- Fui dar de comer à rola
Que ainda não tinha comido.
A rola que dás de comer
Criei-a eu com meu trigo
Ama como tua mulher
E ela a ti como teu marido.
RECOLHA (1985) de Artur dos Santos Madureira, Alfaião – Bragança.
FICHA TÉCNICA:
Título: CANCIONEIRO TRANSMONTANO 2005
Autor do projecto: CHRYS CHRYSTELLO
Fotografia e design: LUÍS CANOTILHO
Pintura: HELENA CANOTILHO (capa e início dos capítulos)
Edição: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGANÇA
Recolha de textos 2005: EDUARDO ALVES E SANDRA ROCHA
Recolha de textos 1985: BELARMINO AUGUSTO AFONSO
Edição de 1985: DELEGAÇÃO DA JUNTA CENTRAL DAS CASAS DO POVO DE
BRAGANÇA, ELEUTÉRIO ALVES e NARCISO GOMES
Transcrição musical 1985: ALBERTO ANÍBAL FERREIRA
Iimpressão e acabamento: ROCHA ARTES GRÁFICAS, V. N. GAIA
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