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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Pecuária extensiva: britango Rupis beneficia deste modo de produção animal e criador usufrui das ações das aves necrófagas

O britango (Neophron percnopterus) Rupis, marcado com um transmissor GPS e anilhado no âmbito do projeto LIFE Rupis, tem beneficiado de uma exploração pecuária em regime extensivo, com mais ou menos 100 cabeças de gado bovino, localizada em Duas Igrejas, no concelho de Miranda do Douro.
Fotografia | Palombar
A monitorização realizada ao Rupis pelos parceiros daquele projeto permitiu descobrir que este britango frequentava com regularidade uma zona de criação de gado extensiva, o que ficou comprovado após o proprietário daquela exploração ter dado autorização aos técnicos da Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural para instalar câmaras de armadilhagem fotográfica com o objetivo de tentar confirmar a presença do animal.
O proprietário da exploração já tinha referido anteriormente ter observado dois indivíduos a alimentarem-se com regularidade junto da zona onde deposita feno e ração para alimentar o gado.

Esta exploração em regime de produção extensivo apresenta um habitat composto sobretudo por povoamento de quercíneas (maioritariamente Quercus rotundifolia) de médio porte, e pontualmente algumas bolsas florestais (bosquetes) constituídos pela mesma espécie. Possui ainda afloramentos rochosos e grandes áreas abertas com vegetação herbácea. Existe igualmente uma pequena charca com cerca de 20m².

Após a colocação da câmara de armadilhagem fotográfica e a análise das imagens recolhidas, confirmou-se a presença do britango Rupis na propriedade, que, de resto, tem sido visitada por outros indivíduos da mesma espécie. O animal aparentava estar em excelente condição física.

O contacto próximo com o criador de gado em regime extensivo permitiu aos técnicos da Palombar ter um melhor conhecimento sobre a sua perceção relativamente às aves necrófagas, tendo sido apurado que as “visitas” do britango à sua exploração eram vistas de forma muito positiva.

O proprietário afirmou que a ave se alimentava sobretudo de dejetos dos animais, bem como das placentas de fêmeas parturientes, o que contribuía para a limpeza do espaço na exploração destinado aos partos. 

O registo deste animal nesta exploração pecuária extensiva é uma prova cabal da relação mutualista entre as aves necrófagas, nomeadamente o britango, e esse tipo de criação de gado, em que ambos são beneficiados.

Se, por um lado, o britango, assim como outras espécies de aves necrófagas, encontram neste tipo de regime pecuário, do qual dependem fortemente, uma fonte de alimentação importante; por outro, os criadores de gado beneficiam das ações destas aves, que são consideradas os agentes sanitários dos ecossistemas, visto que, ao consumiram quer dejetos, resíduos de partos, ou animais mortos, contribuem para assegurar a eliminação rápida e eficaz dessas matérias orgânicas no campo, evitando, assim, a propagação de doenças contagiosas e assegurando o bom funcionamento da rede trófica na Natureza.

A relação de cooperação estabelecida entre o proprietário da exploração e os técnicos da Palombar indica claramente que uma abordagem inclusiva e participativa é fundamental para que as ações de conservação das aves necrófagas sejam bem sucedidas e compreendidas pela comunidade. 

Sobre o projeto LIFE Rupis 


O 'LIFE Rupis – Conservação do britango e da águia-perdigueira no vale do rio Douro’ é um projeto de conservação transfronteiriço, cofinanciado através do programa LIFE da Comissão Europeia. Coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), o projeto Life Rupis tem mais oito parceiros: a Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural, a Associação Transumância e Natureza (ATNatureza), o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), a Junta de Castilla y León, a Fundación Patrimonio Natural de Castilla y León, a Vulture Conservation Foundation (VCF), a EDP Distribuição e a Guarda Nacional Republicana (GNR). Saiba mais em rupis.pt.

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