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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 4 de março de 2021

Defesas apontam falhas à investigação da morte de Giovani

 Alguns advogados de defesa dos acusados do homicídio de Giovani Rodrigues apontaram hoje falhas à investigação, desde o apuramento dos factos à condição clínica com a revelação de que o jovem foi também vítima de uma infeção hospitalar.
Depois de quatro sessões dedicadas exclusivamente aos arguidos, o tribunal de Bragança ouviu hoje o médico que fez o relatório da autópsia, um inspetor da Polícia Judiciária e um dos outros três cabo-verdianos que estavam com Giovani na madrugada de 21 de dezembro de 2019.

Durante a audição do perito médico-legal, o advogado Ricardo Cavaleiro revelou, pela primeira na fase pública do processo, que foi diagnosticada a Giovani, durante o internamento hospital, uma broncopneumonia aguda, que explicou tratar-se de uma infeção hospitalar.

O advogado confrontou o perito com esta condição clínica e as possíveis consequências para o estado de saúde, acabando por ficar evidente apenas o que consta do relatório da autópsia com o traumatismo cranioencefálico apontado como causa da morte.

O perito manteve também a conclusão já conhecida de que o referido traumatismo tanto pode ter tido causa homicida como acidental.

O traumatismo no lado esquerda da cabeça, entre a testa e o couro cabeludo, é a única lesão que consta de todos os relatórios médicos, tanto do hospital de Bragança onde o jovem foi primeiro assistido, como do hospital do Porto para onde foi transferido ao início da manhã e onde morreu dez dias depois.

Outro advogado de defesa, Américo Pereira, sustenta com os relatórios médicos uma das críticas à investigação que resultou na acusação a sete jovens de Bragança de agrediram quatro jovens cabo-verdianos a murro, a pontapé, com soqueiras, com cintos e com paus.

“Vem a autópsia e diz que o Giovani só tem um único ferimento na cabeça, como é que é possível que sete pessoas a bater numa outra pessoa indefesa no chão só lhe tenham provocado um único ferimento na cabeça e é exatamente esse ferimento que o leva à morte”, questionou.

Para o advogado, “há aqui qualquer coisa que não está certa” e “na investigação perdeu-se a oportunidade de esclarecer como é que foi feito aquele ferimento, se resultou de uma queda ou se foi agredido”.

Américo Pereira lembrou que Giovani foi encontrado caído no chão a “centenas de metros” do local onde terão ocorrido agressões entre os grupos e criticou a Polícia Judiciária por não ter averiguado o que se passou neste percurso, nomeadamente com recurso às câmaras que ali existem, uma diligência que o inspetor ouvido hoje em tribunal considerou “inútil”.

Também o advogado Gil Balsemão critica a Polícia Judiciária por nas reconstituições dos factos que realizou durante o inquérito nunca ter incluído as escadas onde Giovani terá caído e batido com a cabeça num corrimão.

“E isso é no mínimo estranho porque isso iria contribuir para a descoberta da verdade e escusava-se hoje, tanto tempo passado, estarmos aqui a tentar perceber e a fotografar da forma como ele caiu, ou se é que caiu, se tropeçou”, afirmou.

O episódio da queda nas escadas foi incluído na acusação na fase de instrução, com base nos testemunhos dos amigos que acompanhavam Giovani e que são ofendidos no processo, já que os sete arguidos são acusados, em coautoria, de um crime de homicídio qualificado e três de ofensas à integridade física em relação aos outros três cabo-verdianos.

O primeiro dos ofendidos começou hoje a ser ouvido como testemunha e disse ao tribunal que Giovani tropeçou, não caiu nas escadas.

Os relatos sobre a madrugada de 21 de dezembro 2019 coincidem nos momentos com os dos arguidos, com uma desavença que começou num bar e ficou sanada e um segundo episódio junto ao viaduto da Av. Sá Carneiro junto a outro bar.

Nas duas versões, Giovani nunca aparece no início das contendas, mas sim um dos amigos e um rapaz de Bragança que nem consta do processo.

O confronto físico começa na rua entre esses dois e acaba por envolver os quatro cabo-verdianos e os sete arguidos.

No tribunal já foram admitidas agressões mútuas, mas nenhum arguido confessou ter atacado Giovani, concretamente em conjunto, como afirmou hoje o colega cabo-verdiano ouvido em tribunal.

O jovem disse que conseguiram depois fugir os quatro do grupo, desceram pelas escadas onde Giovani terá caído ou tropeçado e seguiram para a outra ponta da av. Sá Carneiro.

Segundo a testemunha, os quatro pararam alguns metros à frente e dois voltaram atrás por terem perdido a carteira e o telemóvel na contenda.

O amigo testemunhou que ficou com Giovani e que, enquanto fazia um telefonema para os outros, este desapareceu e só o reencontraram quando a Polícia já tinha chegado ao local onde estava caído e inconsciente e foi socorrido como uma vítima alcoolizada.

A testemunha disse hoje ao tribunal que Giovani se queixava da cabeça e que tinha sangue, o que levou o juiz presidente do coletivo a confrontá-lo com o relatório dos bombeiros que o socorreram e que não viram sangue.

Só apôs examinarem a vítima é que os socorristas se aperceberam do traumatismo que não tinha ferida aberta, mas que foi feito por compressão.

O julgamento já tem mais três sessões marcadas, a primeira das quais para 15 de março, e será retomado com o testemunho dos ofendidos.

Foto: AP

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