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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 5 de março de 2021

Os tolos míopes e a História

 Nunca como hoje em dia houve tantos motivos para se deferem tantas causas. O planeta exaurido caminha para um ponto em que não consegue proporcionar recursos que bastem, desconchava-se com dificuldades de respiração, a riqueza criada é arrebanha por aves de rapina e predadores que imperam sem rei nem roque, as desigualdades crescem e os ódios fermentam libertando vapores que viram demónios à solta. 
No entanto, as atitudes sobre causas, viram-se para coisas que sendo importantes viram pífias. Gente que se tem como sabendo tudo porque não consegue vista de contexto, com compreensão lenta e estupidez acelerada, conde na, repudia, excomunga, e quer impor a sua exclusiva verdade sem dó nem piedade. Houve um tempo, ainda não há muito tempo, em que os que assumiam o vanguardismo de dedicavam a defender um mundo melhor e mais justo, mesmo que na prática a teoria fosse sempre outra, e onde os mais conservadores se esforçavam por mudar alguma coisa para que tudo ficasse na mesma. Agora, uma boa parte de ambos, dedica-se a tentar entupir o túnel do tempo por onde se vê a História. Uns só vendo lá ao fundo glórias passadas, outros só vendo coisas ruins cujas memórias querem destruir porque lhes falta noção abrangente e de enquadramento do Homem em cada época e em cada circunstância. Esquecem-se que individual e coletivamente, somos a soma de todas as partes daquilo que nos antecedeu. Não sabem que devemos saber, ensinar e assumir, pois só sendo inteiros somos grandes. 
Especificamente como portugueses somos agora o que somos porque tivemos uma ditadura de meio século liderada por um homem metido nos limites do seu quintal alimentado a hóstias e regulado pelo badalo do sino da paróquia. Milhares ainda vivos sofrem porque participaram numa guerra fora de tempo e sem senso, mas enquanto nação ainda não assumimos o que se viveu e o que se provocou. Não sabemos olhar lucidamente para trás e verificar que a guerra colonial sucedeu para defender a possessão já fora de prazo, mas que até décadas antes, tinha todo o propósito. Em boa parte, para defender a sua posse colonial, cobiçada pelas potências europeias, soldados portugueses mal preparados e quase maltrapilhos combateram na Primeira Grande Guerra por decisão dos vanguardistas políticos então no Poder, pois à época ainda se não colocava a entrega das possessões por parte dos países ocidentais seus senhores, que eram quase todos. Portugal foi detentor de um Império porque teve gente sua que venceu o medo e foi mar adentro em cascas de nozes fazendo o mundo mais global e mais pequeno. Nunca soube tirar o devido proveito, porque só se dedicou ao folclore em que se exibe o que se tem, mas inquestionavelmente foi dono de metade do globo terrestre. Tudo o que fez, foi feito ao jeito de cada tempo dentro dos hábitos e dos conceitos do bem e do mal então em vigor. 
Houve venturas, houve desmandos, houve bondades, houve crueldades, houve coragens, houve covardias, houve a humanidade em toda o seu esplendor e em toda a sua gloriosa mesquinhez. 
Todo o mundo é composto de mudança, a única coisa permanente no viver, por isso ele evolui. O ser humano, o mais completo constituído por milhões de coisas muito complexas, desceu das árvores, tornou-se ereto no porte, organizou-se em comunidade, elaborou a capacidade de sentir e de amar, num processo que durou milhões de anos. Humanos escravizaram humanos e por isso ergueram obras incomensuráveis como as Pirâmides do Egipto, deram conteúdo e forma às civilizações clássicas que nos suportam ainda hoje, em quotidianos absolutamente desiguais, com cruéis injustiças forjaram nações na Idade Média, com exploração sem limite da força de trabalho fizeram a Revolução Industrial, e espalhando sofrimento e morte reinventaram a Democracia que na modernidade nos orienta. 
Estamos num tempo em que os novos donos da verdade, querem construir uma sociedade sem empatia e sem lugar para o que é diferente. Iluminados, mas cegos porque não querem ver, querem fazer fogueiras com as páginas rasgadas da História, esconjurando o que se foi passando. Ignobilmente vilipendiam a memória coletiva do comum percurso percorrido, para que se torne uma linha reta. São tontos e não sabem. Anda a doidice perigosa à solta, mas não se apoquentam. Só lhes interessa questionar o inquestionável. 
Nada tarda e vamos ouvir dizer que que não foi a serpente quem seduziu o Adão. Por causa da igualdade de género. Digo eu, não sei.

Manuel Igreja

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