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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite, Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 10 de junho de 2022

Este barulho insuportável

Vivemos rodeados de constante barulho.
A televisão, a rádio, os aviões, os anúncios publicitários, os cinemas, os automóveis, os trilhos dos comboios, os altifalantes nas manifestações, os pregões nas feiras; e, para além do estrondear dos foguetes, o significativo barulho dos carrocéis nos arraiais; e, também nos arraiais, o barulho dos conjuntos que dão animação aos bailes – todos eles são grandes fontes de poluição sonora que muitas vezes nos deixam perplexos e perturbados!
Contudo, para milhões de pessoas, não são estes os barulhos que incomodam. São aqueles que a televisão nos traz (e nos mostra), vindos de muito longe: os sons aterradores dos obuses, dos mísseis, dos canhões, de toda a metralha que sai das máquinas de guerra, misturados com o pranto dum Povo que, no meio deste ambiente, chora convulsivamente a perda de familiares, a perda de saúde, a perda dos bens que conquistou com uma dura vida de trabalho, e a perda da beleza daquela maravilhosa paisagem que tento a alegrava!
Também se ouve (e vê) na televisão o ruir de prédios de habitação, de hospitais, de escolas, de igrejas, de instituições culturais, de lugares de recreio…
Ouvem-se ainda (e vêm-se) na televisão as causas do estertor dos que morrem à fome, provocadas por engenhos com ruídos de morte que obstruem a passagem de alimentos para quem necessita deles – engenhos que alguém manobra de longe – alguém que não tem pejo de causar sofrimento, agonia, revolta e profunda tristeza! E quando a terra treme e se queixa do barulho infernal das máquinas de destruição, logo o povo ergue as mãos ao céu, e numa infinita dor, vai perguntando: “Porquê”?
Inocentes são mortos indiscriminadamente; gente simples, pacata e humilde, que beija o chão onde nasceu e viveu toda a vida sem fazer mal a ninguém, é morta indiscriminadamente! Gente massacrada, ignorada, e escorraçada por motivos mais que discutíveis que outros inventam para que o horror aconteça!
Gente que passou a viver em subterrâneos, onde pode proteger-se das armas e onde se instalaram hospitais, escolas, creches e espaços onde as crianças podem divertir-se.
Gente que se viu obrigada a deixar tudo e a encontrar refúgio em países que a acolheram, até haver condições para poderem regressar. Esposas e filhos tiveram que se despedir dos maridos e dos pais, que ficaram para cumprir o dever de defender a sua Pátria.
Gente idosa que viu partir muitos dos seus familiares e que teima em ficar, sujeita a uma vida de amargura, a quem tudo falta, precisando de recorrer a expedientes e muitos sacrifícios para sobreviver.
O Povo sofre, os animais sofrem, a Natureza sofre. Quanto sofrimento provocado pela ambição de alguns, ao teimarem querer mais um palmo de terra, mais um lugar estratégico ou mais um grau de poder, à custa de tanta destruição!
Quem acode a este Povo? Quem será capaz de parar esta guerra?

Manuel António Gouveia

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