O concelho tem três selos da UNESCO, um atribuído ao Geopark Terras de Cavaleiros, outro aos Caretos de Podence e o terceiro é garantido enquanto parte integrante da Reserva da Biosfera da Meseta Ibérica. É o concelho do distrito mais recente, mas nem por isso com menos história e com testemunhos geológicos únicos, sendo possível ver rochas da crosta marítima à superfície
Uma autêntica imagem de marca do concelho, o Azibo tem a única praia sete maravilhas de Portugal a norte do Tejo, a praia da Ribeira. Tanto esta como a praia da Fraga da Pegada ostentam há vários anos bandeira azul. A zona balnear fluvial atrai cada vez mais pessoas, o que se notou em particular durante a pandemia.
Tem também servido de plataforma para a criação de novos negócios. António Teixeira aproveitou o espelho de água e há três anos criou a empresa Azibo Solar Boat, que proporciona passeios de barco. “Conseguimos mostrar a paisagem natural da albufeira do Azibo e temos vários programas, como passeio com mergulho, que permite saltar do barco para a água, muito apetecível para famílias e crianças. Também temos o sunset, depois do passeio ficamos, na hora do pôr do sol, à espera que termine o dia”, explica.
A actividade recreativa permite dar a conhecer a barragem de outra forma. “As pessoas ficam surpreendidas, com a beleza da albufeira. Porque por norma ficam logo nas praias, a principal atracção, e com os nossos passeios conseguem chegar a sítios onde normalmente não chegariam e vamos mesmo a lugares que por terra não há possibilidade de conhecer”, refere o empresário.
Apesar de pessoas da região terem a curiosidade de fazer o passeio de barco, no Verão a maioria dos visitantes é de fora, em maior número do litoral, grande Porto, Minho e Centro. Já nos últimos dois anos começaram a chegar também de outros pontos. “Foi a grande mudança que notei em relação a antes da pandemia, ter mais gente do Sul, não me apercebi de mais gente, mas sim de outros sítios que normalmente não vinha”, referiu.
Mais pessoas preferem fazer férias no interior, mas António Teixeira considera que o clique se deu com a pandemia, já que “as pessoas não viajavam para fora e vieram descobrir outras regiões, como o interior e nomeadamente o Azibo” e espera que esta tendência se possa manter.
As embarcações são amigas do ambiente, já que são movidas a painéis solares, acumulando energia nas baterias, que faz andar os barcos, de forma a respeitar a área protegida.
Este ano pela primeira vez, foi hasteada a Bandeira da Rede de Estações Náuticas de Portugal no Azibo, coordenada pelo Fórum Oceano.
Caretos: de tradição em risco a Património Imaterial da Humanidade
Outro dos ex-libris do concelho é o Entrudo Chocalheiro e os Caretos de Podence, reconhecidos em 2019 pela UNESCO com Património Cultural e Imaterial da Humanidade.
É uma das tradições mais reconhecidas entre as festividades de Inverno de Trás-os-Montes. No domingo Gordo e na terça-feira de Carnaval, as figuras, representações diabólicas, saem à rua desde épocas que se perdem no tempo, com fatos feitos a partir de mantas de lã e com franjas coloridas, máscaras vermelhas e agitam freneticamente os chocalhos à cintura, com os quais chocalham as raparigas.
A distinção desta festa tradicional trouxe mais reconhecimento e foi ainda possível comemorar em Março de 2020 o carnaval na aldeia, que contou até com a presença do Presidente da República.
A partir daí, com o confinamento e restrições da pandemia, a associação Associação Grupo de Caretos de Podence virou-se para a localidade, com a pintura de vários murais, para tornar a aldeia mais colorida de Portugal. “Em vez de chocalharmos de Norte a Sul do país, em 2020 e 2021, foi a marca que quisemos deixar. Há muita gente a visitar Podence, neste momento, é das aldeias mais visitadas no Norte de Portugal, e isso talvez tenha sido o selo que a UNESCO nos deu”, sublinha António Carneiro, presidente da associação.
Este é o exemplo de uma tradição que esteve em risco de desaparecer e que foi revitalizada e potenciada. Antes do 25 de Abril dois factores fizeram com que “a tradição estivesse quase morta ou moribunda”: a emigração de jovens e a guerra colonial. O próprio antigo regime “não via com bons olhos estes rituais”. Mas depois da realização do filme documental “As máscaras”, de Noémia Delgado, em 1976, em que também surgem os Caretos de Podence, “houve uma outra dinâmica com mais jovens a interessar-se pela tradição”, reconhece António Carneiro, que entende que o que também contribui para esta revitalização são as saídas dos caretos, “não só no Carnaval, mas noutras alturas, fazem animações em qualquer parte do mundo, desde a Colômbia até Macau e toda a Europa, os jovens aproveitam os rituais, mas dá para fazer lazer”.
Um dos papéis da associação foi manter a matriz dos trajes, que ainda continuam a ser feitos nas colchas antigas, definindo as três cores são características: vermelho, verde e amarelo. “Num determinado período já havia muitas cores, azul, cor-de-rosa, mantivemos as três cores, que eram as originais e hoje em dia são reconhecidas em qualquer parte do mundo”, afirma.
Actualmente, o núcleo do Grupo de Caretos são mais de 20 pessoas, mas no Carnaval há cerca de 100 mascarados em Podence, incluindo os emigrantes que fazem questão de vir todos os anos.
A associação pretende dar sustentabilidade à tradição e mantê-la dentro da sua identidade, assim como procurar mais apoios em termos de infraestruturas para a aldeia, que todos os anos recebe milhares de pessoas. “No último Entrudo, que se fez de forma mais aberta, houve muitos visitantes de várias partes do mundo, desde os EUA, até ao Japão e à China, para o Carnaval que é autêntico e genuíno”, recorda, por isso uma das soluções propostas é receber em Podence o Pavilhão de Portugal na Expo Dubai, para receber com melhores condições os visitantes, mas também criar um museu da máscara que englobasse todas as festividades com máscara de Portugal e da própria Europa. “A pretensão está em cima da mesa, mas há 5 municípios interessados em recebê-lo”, refere.
O Umbigo do Mundo num Geopark
O primeiro selo da UNESCO para o concelho chegou em Setembro de 2014, com o reconhecimento do Geopark Terras de Cavaleiros.
O património geológico único, que permite percorrer milhões de anos na história da Terra, aliada às tradições e gentes, garantiram o reconhecimento. E desde aí, há quase 8 anos, tem despertado interesse de geólogos e estudiosos da área. “Temos mais universidades e escolas a procurarem-nos. A procura científica é muito grande, temos uma visibilidade internacional que o símbolo UNESCO nos concede. Também notamos que existe uma procura específica sobre o geoturismo, pessoas que vêm para procurar praticar actividades de geoturismo, querem ver os nossos geossítios, perceber a nossa geologia”, afirmou Antónia Morais, coordenadora executiva Geopark.
Há mesmo várias solicitações de alunos de universidade nacionais e estrangeiras para fazer estágios, teses de mestrado e até “um aluno de uma universidade holandesa que vem em Agosto iniciar uma tese de doutoramento sobre geoturismo”.
O ponto central do geoparque, que corresponde à área administrativa do concelho de Macedo de Cavaleiros, é o maciço de Morais, que conta uma história de um fenómeno geológico que aconteceu há mais ou menos 300 milhões de anos, na formação do supercontinente Pangeia, do choque de todos os continentes, que deixou à superfície rochas oceânicas que deviam estar a dezenas de metros de profundidade. Aqui podemos levar à letra as palavras de Miguel Torga, quando fala do “oceano megalítico” e do “mar de pedras”, ao descrever o Reino Maravilhoso. “O oceano foi comprimido e obrigado a subir para uma crosta continental, empurrado até Trás-os-Montes. Por norma o oceano é destruído em zonas de subducção, porque as rochas que constituem o oceano são mais densas”, afirma Pedro Peixoto, geólogo do Geopark. Foi o que aconteceu à maior parte, que desapareceu para o interior da terra, “mas uma pequena porção escapou e foi empurrada para cima de outro continente”, sendo que o choque continuou e obrigou uma porção do outro continente a, por sua vez, também subir para cima deste oceano.
O resultado é visível no Maciço de Morais, que inclui “testemunhos geológicos de dois continentes diferentes e de um oceano”. O fenómeno pouco vulgar, que aconteceu numa mão cheia de locais no mundo, permite ver estas rochas que deveriam estar situadas no interior da crosta oceânica.
Mesmo com os vários ciclos geológicos que a terra já travessou “é extremamente raro” encontrar esta riqueza geológica. “É como se fizéssemos um corte numa crosta oceânica ou continental e conseguimos ver, à superfície, todas as camadas que existem, evidenciadas em geossítios. Há poucos sítios no mundo onde conseguimos ver num pequeno espaço, como o Maciço de Morais, amostras de dois continentes e um oceano, daí a raridade”, destaca ainda o geólogo.
É mesmo apelidado de umbigo do mundo, expressão usada por um geólogo, já que na carta geológica destaca-se um ponto redondo que parece um umbigo, na zona do Monte de Morais, que é onde se concentra a maior parte das rochas exóticas que não deveriam estar à superfície.
Dos 43 geossítios (o último foi recentemente validado) os quatro principais, de relevância internacional, são a descontinuidade de Conrad e Moho, os Gnaisses de Lagoa, o Carreamento de Limãos e o Carreamento da Foz do Azibo. “Até neste aspecto a riqueza geológica é de salientar”, assinala. Já que se é verdade que o geoparque não é só geologia, mas também biodiversidade, património cultural e histórico, muitos municípios têm plantas, animais, igrejas e gastronomia características, “mas a geologia não se pode criar”. “Há territórios que gostariam de ser geoparque e não podem olhar para um afloramento e dizer que é de relevância internacional e nós temos quatro, para ver a raridade”, destaca.
Além de saídas de campo mais específicas para universidades, com programas educativos, o Geopark Terras de Cavaleiros disponibiliza actividades organizadas, como caminhadas interpretadas, com descrição desde a geologia, à biologia, ao património edificado, cultural e material. Inicialmente promovidas em exclusivo pelo Geopark, há agora muitos empreendedores turísticos que se estão a implementar no território. “Para nós era espectacular que um dia o Geopark não tivesse de ter esta acção proactiva, que os nossos parceiros estivessem no território a trabalhar sozinhos”, sublinha Antónia Morais.
Neste momento, são já os 11 operadores turísticos instalados no território que têm esse papel, depois de terem recebido formação.
Actualmente, o concelho tem 24 percursos pedestres homologados espalhados por todo o território, cinco deles na zona do Azibo.
Concelho recente mas com muita história
“Apesar de ser o concelho do distrito mais jovem, é o que tem mais história”, quem o diz é o investigador Rui Rendeiro Sousa.
Só em 1853, Macedo de Cavaleiros foi elevado a concelho, curiosamente ainda como aldeia, substituindo os anteriores de Cortiços e Chacim, no entanto, o actual território chegou a ter seis concelhos e foi parte integrante de mais. “Uma terra que é o resultado de 11 concelhos medievais (entre eles Bragança, Torre de Dona Chama, Mirandela ou Castro Vicente), é uma terra que obrigatoriamente tem que ter história”, afirma, o que contraria a ideia que muitas vezes existe.
“A história deste concelho é tão grande que o melhor exemplo que tenho para isso é que é possível escrever a história isolada de cada uma das 30 freguesias e cheia de personagens impressionantes”, aponta ainda o investigador, que está a fazer esse trabalho.
Outro exemplo da importância histórica é o facto de, no século XVI, Macedo ter sido constituída como comenda da Ordem de Cristo, sendo a mais rica do distrito e uma das mais ricas do país. “Não podemos falar de uma terra sem história, quando há 500 anos foi criada aqui a maior comenda da Ordem de Cristo da região”, aponta.
O concelho tem ainda metade dos documentos mais antigos do distrito, referentes ao século XII. “O documento mais antigo que temos a mencionar uma povoação no distrito de Bragança é de 1110 e referente a Bornes, mas temos também em 1128 Lamalonga, em 1196 Chacim, em 1186 Sezulfe e Cernadela. A grande maioria das povoações que hoje existem aqui já tinham documentação no século XII”, diz, acrescentando que “ isso não é comum a qualquer outro concelho, apesar de haver referências também antigas a outras povoações”, sublinha.
Macedo chegou também a ter as 4 maiores abadias do distrito e uma reitoria da qual dependiam 13 outras aldeias, incluindo uma vila, Vale de Prados.
A história é visível no património, particularmente religioso, tendo “a maior rota de barroco em todo o Norte” segundo o Eixo Atlântico. Três dos exemplos são as igrejas do século XVIII de Lamalonga, Vilarinho de Agrochão e Podence, imóveis de interesse público, havendo outros exemplos de templos deste período de destaque, como as igrejas de Vinhas ou de São Pedro, em Macedo de Cavaleiros, que apesar de ser do século XVII, teve grandes obras do período Barroco.
O investigador admite, ainda assim, que “não há grande monumentalidade nesta terra” e “a pouca que há também vai ser sendo destruída”, já que havia ali “cinco solares e agora já só subsistem dois”, sendo um dos mais antigos em todo o distrito o Solar Morgado de Oliveira, de 1674, situado no centro da cidade.
Macedo foi também berço de personagens muito relevantes na história nacional. Um deles era Martim Gonçalves de Macedo, descendente dos Bragançãos, que foi escudeiro do rei D. João I. “É aquele personagem que estava no sítio certo à hora certa”, afirma Rui Rendeiro Sousa, para quem houve personalidades na família que foram muito mais importantes, mas admite que Martim Gonçalves de Macedo “é um herói nacional”, isto porque enquanto escudeiro do regente ao trono, futuro D. João I, evitou a sua morte, em 1385, na Batalha de Aljubarrota, impedindo o ataque de um cavaleiro espanhol, Álvaro de Sandoval.
Logo a seguir o rei fez-lhe uma série de doações e também mudou o brasão dos Macedo, que é azul e com estrelas, tendo-lhe acrescentado o braço com a maça.
O túmulo de Martim Gonçalves de Macedo está no Mosteiro da Batalha ao lado do túmulo de D. João I, mas pode ter sido colocado à posteriori.
Outra das importantes figuras do concelho foi Nuno Martins de Chacim, que foi aio de D. Dinis e se destacou na história, não só regional, como nacional, já que entre 1261 até 1284 “era quem mandava nisto”, enquanto meirinho mor do reino, que era o equivalente as actual ministro da Administração Interna.
Macedo também contou com a presença de judeus, o que é sinal que as terras são dinâmicas. Há pelo menos quatro povoações, Chacim, Bornes, Cortiços e Macedo, que tiveram muitos processos na inquisição e há mais duas que também têm alguns processos.
Real Filatório de Chacim
O território era também um grande produtor de seda, já que em Chacim havia uma Real Fábrica da Seda, sendo que em Portugal só havia apenas duas e a outra era em Lisboa.
Nos séculos XVIII e XIX, 80 a 90% da população vivia da seda, que dava um grande rendimento. “Nos dois meses, em que trabalhavam a seda, duas mulheres ganhavam 20 mil réis, o que demorava três ou quatro anos a ganhar na agricultura”, afirma Rui Rendeiro Sousa.
Hoje em dia não há grande memória desta fábrica de sedas, restando apenas as ruínas do real filatório.
Segundo Luís Claudino, historiador que trabalha na rede museus do concelho, Chacim, tal como outras áreas de Trás-os-Montes, teria já uma tradição de amoreiras e cultura da seda. “Em 1787, chegam os Arnaut, a convite do conde de Linhares, serão apresentados à rainha D. Maria I, para criar na região uma fábrica de sedas. Vão até Montalegre, Chaves e Chacim e encantam-se com as amoreiras de Chacim, ao ponto de criarem ali a sua fábrica. Introduzem o método piamontese, diferente do tradicional português, que vemos, por exemplo, em Freixo”, refere.
Ali era feito de tudo, desde a produção do bicho da seda até ao fio, depois também passando pela própria produção de peças e tintoria.
Apesar do impacto económico elevado, o declínio surgiu devido a algumas crises pessoais e à fuga da família real para o Brasil, com o conde de Linhares, o que condicionou a protecção aos Arnaut, que seriam depois alvos fáceis para a concorrência. O factor crucial para a decadência do filatório, segundo o historiador, está relacionado com a doença das amoreiras, que dita o fim da produção de seda no século XIX.
O edifício, segundo relatos de populares, terá sofrido um grande incêndio e por isso há “tanta falta de alguns vestígios, como o próprio moinho piamontese, que era a grande inovação da fábrica, que seria um moinho de três andares”. Em Chacim há um centro interpretativo “com a cronologia da fábrica, alguns vestígios, nomeadamente em vidro e ferro, como os pesos, a explicação da evolução do bicho-da-seda e uma réplica de como seria o filatório e a casa dos casulos na época”.
Banreses, aldeia abandonada
Situada na margem direita do rio Azibo, muito perto do santuário de Santo Ambrósio, no território de Vale da Porca, a aldeia de Banreses é agora apenas um conjunto de ruínas de casas, moinhos e uma ponte.
Aconteceu ali o mesmo que a muitas aldeias no distrito e desapareceu, no caso devido a uma epidemia de tifo, que dizimou quase completamente a população. “Nessa altura (finais do século XIX), havia uma urna única, o chamado esquifo. Quando alguém morria ia nessa urna para a igreja, onde as pessoas eram enterradas, e o caixão servia para o próximo. Supõe-se, isso são histórias, que lavavam esse caixão numa fonte na aldeia e que a partir daí se disseminou o tifo, que começou a dizimar a população, as pessoas começaram a ter medo e a aldeia foi abandonada”, conta Rui Rendeiro Sousa.
A terra de nome estranho, teve o primeiro registo há 760 anos, existia como paróquia chamada inicialmente Venrezes. “Quase seguramente que houve muito próximo um povoado da idade do ferro e romano e suponho que Banrezes seja uma derivação de adoradores de Vénus”, acrescenta.
A aldeia durou pelo menos o século XII ou XIII e acabaria por desaparecer já no século XX. Actualmente já não há originários de Banreses, só descendentes.
Economia com base na agricultura
No concelho o sector agrícola é o predominante, mas os serviços e o comércio também são representativos e, em menor escala, a indústria está também em crescimento, assentando, no entanto, essencialmente na vertente agrícola, com destaque para os frutos secos, a castanha e o azeite.
Segundo o presidente da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Macedo de Cavaleiros, Paulo Moreira, há já quem aposte na valorização dos productos do sector primário, tendo a própria Cooperativa de Macedo de Cavaleiros esse papel, assim como algumas empresas locais.
No que diz respeito aos sectores dos serviços e o comércio “têm sido afectados pela escassez de mão-de-obra, em especial qualificada, e, ao mesmo tempo, pelos os custos crescentes nos combustíveis e outras matérias-primas”, afirma o responsável.
Apesar disso, Paulo Moreira olha para o momento actual com algum optimismo. “Por norma, os grandes centros sofrem primeiro, o interior é desfavorecido e despovoado e vai sentir mais lentamente a chegada desta crise”, acredita. Mas admite que “a estrutura comercial vai acabar por sofrer directa ou indirectamente” e “os consumos não essenciais serão um grande problema, num sector já fragilizado, após restrições à lotação do espaços, encerramentos e produtos que não foram escoados durante a pandemia”.
A construção civil é um dos sectores que está já a ser afectado, com o aumento de custos. “De uma semana para a seguinte os preços alteram, não dão uma estabilidade económica ao próprio construtor nem ao cliente e também a escassez de mão-de-obra faz aumentar o custo dos trabalhos, porque havendo menos gente a obra demora mais tempo”, explicou
Uma das empresas que, apesar da pandemia e da crise, tem vindo a crescer é a Green September. Situada desde há três anos na zona industrial, começou por se dedicar à comercialização de castanha em instalações menores na última década. “Como, entretanto, passámos para a primeira transformação, a nível industrial, das castanhas, tivemos de reunir espaço e condições para esse trabalho”, explica o proprietário, Ricardo Trovisco. Além da calibragem e embalamento do fruto seco, têm em vista avançar para a segunda transformação, que implica descasque do fruto.
Para já, e para rentabilizar as instalações e o resto do ano, bem como alguns dos postos de trabalho existentes nos quatro meses da campanha das castanhas, alargaram a laboração a outros trabalhos ligados ao sector agrícola. “Começámos com os viveiros, que permite já ter cerca de 12 a 13 pessoas o ano todo ocupadas”, explica. A empresa tem três pólos de estufas no concelho e mais 2 pólos fora, um em Espanha e outro em Coimbra, para produção de outras plantas que aqui não é possível. No armazém é feita a recolha, selecção, o embalamento e os envios para todo o país.
Entretanto, há dois meses, avançaram para a comercialização de frutos vermelhos, que são ali recebidos de todo o país, preparados, congelados, embalados e despachados, tendo como destino a indústria de transformação. “Aí tivemos de dobrar os postos de trabalhos, de 12 para 24”, refere.
“A maior parte das vendas de plantas são para dentro do país, 90% e o foco principal acabam por ser os frutos secos, porque foi com eles que trabalhámos mais cedo. Na região as plantas que mais se produzem são cada vez mais amendoeiras, castanheiros, apesar de as vendas terem diminuído um pouco por causa de pragas e doenças. Mas aparecem novas culturas que se começam a implementar muito bem onde secaram os castanheiros, como as aveleiras, e ainda fazemos um número significativo de oliveiras” refere. Já no que diz respeito à castanha e aos frutos vermelhos são vendidos quase na totalidade para o estrangeiro. O investimento foi feito gradualmente mas chegou aos 2 milhões de euros.
“Aziborne Extreme”: um evento diferenciador de promoção do concelho
O evento está marcado para dia 3 de Setembro, em Macedo de Cavaleiros. A iniciativa reúne quatro modalidades desportivas praticadas em dois espaços de excelência, a Albufeira do Azibo e a Serra de Bornes
O “Aziborne Extreme” regressa este ano. A segunda edição do evento está agendada para o dia 3 de Setembro, em Macedo de Cavaleiros, e desta vez tem cariz competitivo.
Como o próprio nome indica, a iniciativa vai decorrer na Albufeira do Azibo e na Serra de Bornes, dois ex-líbris do concelho macedense.
A primeira edição realizou-se em 2019, de forma experimental, e a forte adesão das equipas garantiu, desde logo, a continuidade da prova. No entanto, a covid-19 obrigou o município a adiar o evento desportivo.
Este ano, a segunda edição traz novidades. “Vamos ter quatro modalidades. Tirámos o skate e vamos ter o atletismo, a canoagem, o BTT e o parapente. Estas são modalidades que se praticam no nosso concelho. Cada equipa tem quatro elementos e ganha quem chegar primeiro à meta. Sendo que haverá prémios parciais por modalidade”, explicou Rui Vilarinho, vice-presidente do Município de Macedo de Cavaleiros.
A escolha das modalidades foi estratégica, pois o objectivo é potenciar os espaços naturais do concelho e que permitem a prática dos quatros desportos. “A canoagem é uma modalidade de excelência muito praticada no Azibo e ainda mais condições teremos quando terminarmos o Centro Náutico, o parapente é cada vez mais procurado através do BôAr Parapente Clube, no atletismo começámos de uma forma humilde e já somos campeões nacionais através do Clube Atlético e depois o BTT que tem cada vez mais adeptos em Macedo”, acrescentou o também vereador do desporto.
O “Aziborne Extreme” não é uma novidade a nível europeu, pois na Áustria realiza-se um evento muito semelhante, mas em Portugal o Município de Macedo de Cavaleiros é pioneiro na promoção da actividade.
Rui Vilarinho acredita que o “Aziborne Extreme” tem todas as condições para crescer, para “se tornar um evento diferenciador” e com impacto na economia local. “Isto é um evento para crescer. É só um dia, mas vai ter um impacto enorme na economia local. Vamos divulgar o evento em Portugal e fora. O desporto é uma alavanca para a economia, tudo que tem a ver com as dinâmicas ligadas ao turismo, turismo desportivo, e acreditamos que vai ser um sucesso”, afirmou.
Esta segunda edição tem vertente competitiva e há prémios monetários no valor total de cinco mil euros.
As equipas, portuguesas e estrangeiras, participam com quatro elementos cada, em estafeta. As provas têm um certo grau de dificuldade. “Para já o que posso dizer é que o atletismo terá mais de 10 quilómetros, a canoagem estão a fazer um teste para definir, o BTT terá cerca de 50 km e o parapente vai sair da serra de Borges com final no estádio Municipal”, explicou.
O “Aziborne Extreme” destina-se a atletas com espírito de aventura e de trabalho de equipa, não há idade mínima e as equipas nesta segunda edição podem ser mistas.
A primeira edição, e 2019, contou com cerca de 50 participantes. Este ano, o Município de Macedo de Cavaleiros acredita que o número vai duplicar.
O presidente
Idade: 59 anos
Tempo de mandato: 4 anos e meio
Profissão: Médico Ortopedista.
Porque decidiu dedicar-se à política?
Nomeadamente na área financeira, com equilíbrio, boas contas, transparência e pagando aos fornecedores a tempo e horas.
Queremos revitalizar o concelho, rejuvenesce-lo e proporcionar aos nossos seniores conforto, proteção social e melhor saúde.
Na essência queremos um concelho atractivo, competências em todas as áreas e acima de tudo refletindo felicidade.
Como é ser Presidente da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros?
Temos um trabalho de requalificação de redes interminável, precisamos de muitas ações de sensibilização e consciencialização dos munícipes para o facto de que é fundamental um comportamento cívico responsável, evitando desperdício.
Existem problemas sociais sérios todos os dias, nomeadamente situações de idosos isolados e solitários.
Assegurar condições de acesso à saúde nas freguesias é para nós também uma prioridade.
A educação, a industrialização, o turismo e a modernização ocupam também o nosso dia a dia.
Quais são os maiores desafios como autarca?
Ainda na sustentabilidade social e económica, o investimento e desenvolvimento da zona empresarial e zona oficinal no sentido de a tornar atrativa e moderna.
Apostar no Turismo natural, no turismo gastronómico, cultural e de aventura, criando novos modelos de marketing e atractividade, trabalhando com o Turismo Porto e Norte na proximidade e com outros parceiros, em rede.
Queremos apostar na educação, competências diferenciadas, transformação digital, inovação nas potencialidades endógenas e dinamização cultural de todo o concelho.
Queremos afirmar a nossa identidade, a nossa genuinidade e o nosso regionalismo.
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