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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 23 de junho de 2022

Ai, ai, ai, ai velhos caminhos como é bom lembrar, ai, ai, ai, ai doces carinhos, deixai recordar

Por: António Orlando dos Santos (Bombadas)
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Estes versos são parte de um poema de uma canção, muito popular nos meus tempos de rapaz e que era interpretada pelo António Calvário, artista que participou nos espetáculos de maior sucesso nos anos sessenta e que chegou a ir à Eurovisão representar Portugal.
De vez em quando vêem-me estas coisas à cabeça e fico um pouco saudoso daquilo que ficou atrás e tanto nos faz recordar, ficando com a ideia, que do mal, o menos, pois certa música que hoje nos é impingida, está a anos-luz daquela que nesse tempo ouvíamos, compreendíamos e gostávamos.
Vem isto a propósito de que hoje, quando de manhã saí de casa e percorri a distância que separa a minha casa da Praça da Sé, reparei que a forma e o jeito das pessoas e máquinas que circulavam na via era diferente daquela forma mais descomprometida doutras eras.
Havia então uma sede de viver que hoje não vislumbro nas gentes que passam, bem vestidas e bem calçadas mas cujo semblante é de uma rigidez que mais parecem estátuas, pois nem o cordial bom dia, tão banal, mas tão precioso também já não se solta dos lábios daquela gente que está sisuda e pouco comunicativa, assim como quem espera pelas piores notícias que a TV se apresse a comunicar, dramatizando-as para prender as pessoas ao Canal que mais carga dramática consiga e com o melhor engodo influenciar o parassimpático da gente que já não estuda Ciências Naturais para saber destas coisas que eram miudezas e não se haviam habituado aos títulos de caixa alta que hoje são o pão nosso de cada dia.
É certo que podemos facilmente concluir que este estado de espírito da gente hoje rececionar estas ondas de informação com avidez e alguma carga mórbida é resultado de uma persistência impensável, dos meios de comunicação liderados pelas Televisões que desfraldam o estandarte da novidade e acabam por dramatizar os acidentes ou causas naturais onde o sangue, o sofrimento e a morte são retratados das maneira mais insensível, que um cidadão educado para a compaixão fica tão confuso que não consegue ver ou imaginar o que a televisão tem mais para nos impingir. 
Não quero com isto deixar de verificar que do ponto de vista técnico as TV´s e a Rádio têm uma importância não comparável na influência que ocasionam nas decisões políticas e administrativas tomadas como as ideais para a melhoria da vida das pessoas, mas que são gizadas e difundidas para beneficiarem os grupos económicos que as sustentam. Têm também em teoria o benefício de descobrirem e denunciarem fraudes, ilegalidades e roubos até que os seus rivais de cor política diversa, ocultam e desdramatizam para assim pressionarem a Justiça a dar vereditos favoráveis a casos que são de flagrante ação criminosa e de compadrio nas altas esferas que vivem disso e faustosamente desfrutam do desleixo da Justiça, ou antes da condescendência dos seus agentes que renunciam à sua consciência e a pretexto de chavões e frases feitas, como: só é culpado quem assim for considerado na barra dos tribunais, o que à partida é algo de bom como paradigma mas que acaba sempre por beneficiar os poderosos em prejuízo não só dos mais fracos mas também da própria Justiça, como serviço de Graça e Compaixão.
É este desfiar de coisas que contrastam com o que os cidadãos aprendem em casa, na Escola, na Igreja e com o povo, que amargura a consciência dos homens e mulheres de hoje que são influenciados por estereótipos que os condicionam pois deixam de serem cidadãos conscientes e entram em depressão e descrença de que uma vida de contenção em pensamentos, palavras e obras vale mais ser vivida do que toda essa parafernália de atividades ilícitas ou tornadas ilícitas por quem decidiu vencer pela força e egoísmo que tornaram o povo triste, descrente e sem esperança. De manhã quando chegarem à rua que os transporta ao trabalho ou às vossas outras obrigações tentem perscrutar o semblante da gente que passa e pensem no porquê das pessoas serem quase todas tristes e terem quase sempre o parassimpático fechado.
É ao sentirmos o que vai na alma dos outros que conseguimos ser aquilo a que urge regressar: voltar a acreditar que a justiça vencerá.
Escrito num fim de dia de reflexão sobre a razão de termos mais do que dantes e sermos hoje mais tristes e descrentes.



Bragança 22/06/2022
A. O. dos Santos
(Bombadas)

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