Fito, raiola, relha, corrida de sacos, tração à corda, jogo do burro e dança das cadeiras, estas são as modalidades escolhidas pela Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM), para realizar o Campeonato Intermunicipal de Jogos Tradicionais.
A ideia é revitalizar e valorizar estas práticas que, noutros tempos eram motivo de lazer, convívio e até de festa entre os elementos das comunidades, mas com forte tendência para se perderem, algumas praticamente em extinção.
A CIM-TTM desafiou e envolveu os nove municípios que integram a Comunidade Intermunicipal, que individualmente devem tratar das inscrições e da seleção dos respetivos representantes. O apuramento concelhio já está a decorrer e os melhores de cada concelho vão às semifinais e, de seguida, às finais, provas que vão acontecer no dia 18 de setembro, em Bragança.
“O Campeonato de Jogos Tradicionais das Terras de Trás-os-Montes” pretende assegurar a aproximação e o convívio entre pessoas, pelo simples prazer de jogar e revitalizar tradições e ter uma participação ativa, num ambiente de festa e alegria”, refere Rui Caseiro, Primeiro Secretário da CIM-TTM.
Em qualquer uma das modalidades é atribuído um troféu, para os 3 primeiros classificados de cada jogo, assim como um certificado de participação para todos os participantes.
O projeto, lançado pela CIM-TTM no âmbito do programa Cultura para Todos, aprovado pelo Programa Operacional NORTE 2020, já teve o mérito de reanimar a Associação de Jogos Tradicionais do distrito, há alguns anos adormecida, e que agora ganhou novo impulso. Após eleição de novos órgãos sociais, Rui Cortinhas assumiu a liderança e esta Associação assumiu-se como parceiro ativo deste evento. Uma colaboração que passou também pela elaboração dos regulamentos para o campeonato Intermunicipal, produzidos em parceria com a Federação de Jogos Tradicionais Portuguesa, respeitando a essência e todas as particularidades de cada uma das modalidades integradas na competição, mas uniformizando as regras, que nalguns casos eram diferentes consoante a localidade onde eram praticados os jogos.
E porque este projeto pretende valorizar a arte e a cultura enquanto ferramenta para a inclusão e inovação social, o campeonato é inclusivo, estando já confirmada a presença de sete instituições de apoio a pessoas portadoras de deficiência e ou incapacidade, a saber: ASCUDT, APADI, CEE – Bragança, APPACDM, CERCIMAC, LEQUE e o CAO do Centro Social Paroquial dos Santos Mártires.
Participantes em competição
Homens (maior de 18 anos)
Jogo do Fito – 2 equipas de 2 elementos de cada município
Jogo da raiola, também conhecido por “chincalhão de risco” – 2 equipas de 2 elementos de cada município
Jogo da relha – 3 jogadores de cada município
Mulheres (maior de 18 anos)
Jogo da raiola, também conhecido por “chincalhão de risco” – 2 equipas de 2 elementos de cada município
Crianças (dos 13 aos 17 anos) – Juvenis
Jogo da corrida de sacos – 3 elementos de cada município
Jogo de tração á corda – 2 equipas de 3 elementos em que um deles tem que ser obrigatoriamente do sexo em menor representatividade.
Crianças (dos 6 aos 12 anos) – Infantis
Jogo da corrida de sacos – 3 elementos de cada município
Jogo de tração á corda – 2 equipas de 3 elementos em que um deles tem que ser obrigatoriamente do sexo em menor representatividade.
Jogos para Pessoas Portadoras de deficiência ou incapacidade
Jogo do burro – 2 equipas de 2 elementos de cada Instituição
Jogo da malha – 2 equipas de 2 elementos de cada Instituição
Jogo da tração á corda – 1 equipa de 4 elementos de cada Instituição em que um deles tem que ser obrigatoriamente do sexo em menor representatividade.
Jogo dança das cadeiras – 3 elementos de cada Instituição
Jogos tradicionais podem estimular artesanato de inovação
O programa Cultura para Todos tem também, nos seus objetivos principais, a promoção da inclusão e a acessibilidade de públicos mais vulneráveis, bem como a empregabilidade.
Se é verdade que a reativação dos jogos tradicionais pode resultar em momentos e eventos que promovam a atratividade do território, o objetivo da CIM-TTM vai mais além e pretende criar um “produto turístico” material, com a produção artesanal dos artefactos usados em cada um dos jogos. É aqui que entra a componente de inovação, o necessário design, a escolha das matérias-primas, a imagem associada, etc. Podem ser exemplos disso os sacos usados nas corridas, a corda, as relhas, etc.
A CIM-TTM vai organizar oficinas práticas em cada um dos municípios. O conhecimento local vai ser agregado a esta componente prática, que visa capacitar um conjunto de intervenientes que possam dinamizar, não apenas os jogos, mas também a produção dos componentes materiais, fomentando assim a empregabilidade.
Esta capacitação está mais orientada para os jovens e adultos que não tenham ainda um percurso profissional definido, usando aqui a cultura e as artes como ferramenta de desenvolvimento local.
A integração de pessoas de diferentes idades, condições sociais, de etnias e nacionalidades, de diferentes competências, dependências e deficiências, revele não só a preocupação de um projeto intergeracional, inclusivo, interdisciplinar inovador, determinante para o avanço das sociedades.
Esta será uma ferramenta de desenvolvimento das relações entre os municípios que constituem a CIM. É também considerado o objetivo de comunicar o potencial de identidade do território, através da simbiose entre a tradição e inovação.
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