Voltemos, pois, à vaca fria, isto é, a Artur Botelho, sobre quem já publicámos dois capítulos. Neste terceiro capítulo, falaremos um pouco da sua faceta de poeta épico. Mas antes de começarmos, chamo a atenção para a fotografia, bem diferente da anteriormente mostrada. É pena que tenha tão pouca qualidade. Mas mesmo assim dá para comparar. Na anterior, adivinhávamos um sujeito lingrinhas e doentio, que não quadrava bem com um indivíduo com fama de Tarzan, que contava por vitórias todas as escaramuças para que fosse desafiado. Esta, pelo contrário, mostra um indivíduo robusto, encorpado, com ar de quem não se ensaiava nada para dar um enxerto de porrada ao primeiro que lhe pisasse os calos.
Mas vamos aos factos.
O professor Edgar Ferreira — um vila-realense que registou para a posteridade numerosas lhonas (histórias mais ou menos burlescas) sobre alguns dos seus concidadãos e assinava interessantes artigos sobre coisas da Bila na “Voz de Trás-os-Montes” — publicou nesse mesmo semanário, em 4 de Abril de 2002, um texto que não é uma lhona, mas parece. Afirmava Edgar Ferreira nesse texto: «Artur Botelho, depois de Camões, é considerado o segundo grande poeta épico português.» Ou seja: em matéria de poetas épicos lusitanos, temos Camões em primeiro lugar e Artur Botelho logo a seguir.
O verbo ‘considerar’, sobretudo em frases na voz passiva e sem indicação do agente da passiva (como acontece na citada frase do professor Edgar Ferreira) não prova coisa nenhuma. «É considerado», escreve Edgar Ferreira. E nós perguntamos: Considerado por quem? É que não é indiferente que seja um especialista em poesia épica ou uma tia-avó de Artur Botelho a considerá-lo um grande poeta épico. Laços familiares ou de simples amizade, bairrismos acríticos, editores empenhados em enaltecer uma obra que pretendem vender — todos eles podem considerar Artur Botelho o nosso segundo Camões. Mas não é isso que faz dele um grande poeta épico.
Ora, dei-me ao trabalho de procurar o nome de Artur Botelho em diversos manuais de literatura portuguesa, e também em enciclopédias e afins. Os manuais de literatura portuguesa — moita carrasco. Mas a “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” dedica-lhe um verbete, e o mesmo acontece com o Vol. III do “Dicionário cronológico de autores portugueses”. E também no Google — a grande enciclopédia dos tempos que correm — se encontra alguma coisa. Mas nenhuma dessas fontes é particularmente entusiástica no que escreve a seu respeito. Já tenho lido necrológios mais calorosos.
É certo que os poetas portugueses, em geral, fogem do género épico como o diabo da cruz. O melaço da poesia lírica motiva-os mais do que os tambores de guerra. da epopeia. Digamos que Portugal conta até meia dúzia de epopeias dignas desse nome, com “Os Lusíadas” no topo, mas sem Artur Botelho no segundo lugar. Antes dele, teríamos de referir poetas como Jerónimo Corte Real, Gabriel Pereira de Castro, Brás Garcia de Mascarenhas e aquele que considerava a sua epopeia “Oriente” superior aos “Lusíadas”, ou seja, o reverendo e truculento padre José Agostinho de Macedo.
A epopeia de que Artur Botelho é autor tem o título de “A Europíada” e por assunto a Grande Guerra. Sobre ela diremos no próximo capítulo mais alguma coisa.
Mas vamos aos factos.
O professor Edgar Ferreira — um vila-realense que registou para a posteridade numerosas lhonas (histórias mais ou menos burlescas) sobre alguns dos seus concidadãos e assinava interessantes artigos sobre coisas da Bila na “Voz de Trás-os-Montes” — publicou nesse mesmo semanário, em 4 de Abril de 2002, um texto que não é uma lhona, mas parece. Afirmava Edgar Ferreira nesse texto: «Artur Botelho, depois de Camões, é considerado o segundo grande poeta épico português.» Ou seja: em matéria de poetas épicos lusitanos, temos Camões em primeiro lugar e Artur Botelho logo a seguir.
O verbo ‘considerar’, sobretudo em frases na voz passiva e sem indicação do agente da passiva (como acontece na citada frase do professor Edgar Ferreira) não prova coisa nenhuma. «É considerado», escreve Edgar Ferreira. E nós perguntamos: Considerado por quem? É que não é indiferente que seja um especialista em poesia épica ou uma tia-avó de Artur Botelho a considerá-lo um grande poeta épico. Laços familiares ou de simples amizade, bairrismos acríticos, editores empenhados em enaltecer uma obra que pretendem vender — todos eles podem considerar Artur Botelho o nosso segundo Camões. Mas não é isso que faz dele um grande poeta épico.
Ora, dei-me ao trabalho de procurar o nome de Artur Botelho em diversos manuais de literatura portuguesa, e também em enciclopédias e afins. Os manuais de literatura portuguesa — moita carrasco. Mas a “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” dedica-lhe um verbete, e o mesmo acontece com o Vol. III do “Dicionário cronológico de autores portugueses”. E também no Google — a grande enciclopédia dos tempos que correm — se encontra alguma coisa. Mas nenhuma dessas fontes é particularmente entusiástica no que escreve a seu respeito. Já tenho lido necrológios mais calorosos.
É certo que os poetas portugueses, em geral, fogem do género épico como o diabo da cruz. O melaço da poesia lírica motiva-os mais do que os tambores de guerra. da epopeia. Digamos que Portugal conta até meia dúzia de epopeias dignas desse nome, com “Os Lusíadas” no topo, mas sem Artur Botelho no segundo lugar. Antes dele, teríamos de referir poetas como Jerónimo Corte Real, Gabriel Pereira de Castro, Brás Garcia de Mascarenhas e aquele que considerava a sua epopeia “Oriente” superior aos “Lusíadas”, ou seja, o reverendo e truculento padre José Agostinho de Macedo.
A epopeia de que Artur Botelho é autor tem o título de “A Europíada” e por assunto a Grande Guerra. Sobre ela diremos no próximo capítulo mais alguma coisa.
Sem comentários:
Enviar um comentário