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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

ARTUR BOTELHO — 4

 Artur Botelho teve uma vida profissional de manga-de-alpaca sentado à secretária. Mas não era homem para se esgotar nisso. Tinha apetência pelas coisas do espírito, e em especial da literatura. Fica-nos a impressão de que devia ler muito e assimilar menos mal aquilo que lia. E foi compondo uma obra literária de certa monta. A saber: estreou-se em 1914 com um livro de versos, “Alma Lusitana”; seguiu-se o drama histórico “Camões”, de 1919; em 1923 sai a obra que é pretexto para este feixe de crónicas, “Guerra Junqueiro falso poeta”; e em 1928, novo poema heróico, “O mar tenebroso”. Finalmente, publicou entre 1935 e 1937, em fascículos, aquela que parece ser a sua coroa de glória, uma epopeia, “A Europíada”. Parece que, quando morreu tinha nada menos de cinco livros para publicar.
Na “Europíada”, Artur Botelho narra os lances mais decisivos da I Grande Guerra (1914-1918) e celebra os vencedores, numa altura em que se avolumam os receios duma segunda guerra mundial, que viria a ter lugar entre 1939 e 1945. Seguindo o modelo dos “Lusíadas”, é composto em estâncias de oitava-rima arrumadas em cantos. Mas, em matéria de extensão, deixa o modelo a perder de vista. Enquanto “Os Lusíadas” não vão além dos 10 cantos e 1102 estâncias, o poema de Artur Botelho soma 25 cantos e 2550 estâncias. É preciso ter fôlego!
O editor do poema é Alfredo Pereira Botelho de Araújo. Pelo nome, aventuro-me a pensar que seria irmão do poeta.
Como os meus Amig@s hão-de querer ver uma amostra do poema, aí lhes deixo a estrofe com que abre:

Eu canto a Grande Guerra que, no mundo,
Correu como um tufão de fogo insano, 
Das altas regiões do céu profundo
Às entranhas da terra e do oceano;
E os seus chefes de génio mais fecundo,
Que, vibrando num alto ideal humano,
Tiveram a sublime e ingente glória
De levar tantos povos à vitória.

 Pela amostra, não junto a minha opinião à dos que reverenciam Artur Botelho como o segundo poeta épico português.
 Parece-me evidente o desejo de emulação de Camões, mas ter-se-á ficado pela imitação. Atente-se naquelas ‘altas regiões do céu’ e naquela ‘sublime e ingente glória’.  Não vêem ali respingos da linguagem camoniana?
 Não terminaremos este capítulo sem transcrever o texto com que se publicita o poema. Reza assim: «A oitava, que é a mais bela forma da epopeia, e que atingiu o seu maior esplendor nos Lusíadas e na Jerusalém Libertada, perdeu muito do seu brilho nos poetas que tentaram imitar o nosso divino Camões; mas, neste poema, ela é resgatada do desaire que sofreu, pois é tratada com a maior elevação e aticismo, à luz do mais alto ideal e apurado gosto do nosso século. O ilustre autor alicerçou o seu formoso poema — que há-de brilhar ao lado dos mais belos da humanidade — na ciência moderna e na mais nobre e transcendente filosofia.»
 Estes publicitários são uns exagerados.

A. M. Pires Cabral

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