Na AEPGA gostamos de batizar os nossos burros com nomes associados à Natureza. Mas se não é de Terras de Miranda, ou do distrito de Bragança, provavelmente não sabe o que significa “Bulhaca”, que segundo Corominas e Pascual, no seu “Diccionario crítico etimológico castellano e hispánico”, tem uma origem incerta embora, possivelmente, venha do celta bullaca.
Seja ou não a sua origem, em mirandês, bulhacas são excrescências frequentemente observadas nos carvalhos, que noutros pontos do país são designadas por “bugalhos” ou “galhas”. Apesar da confusão que estas estruturas causam a quem não as conhece, de acordo com Nieves-Aldrey (2001), bulhacas são “estruturas morfológicas anormais das plantas provocadas pela ação de um agente indutor (frequentemente um inseto) que costuma ter uma relação trófica com elas”.
Trocando por miúdos: após a picada de um inseto, ou ataque por outro agente (fungos, bactérias ou nemátodes), a planta responde à agressão externa, produzindo esta estrutura, que pode assumir formas muito variadas. Após esta estrutura estar formada, os insetos (frequentemente do grupo das abelhas, vespas e formigas) aproveitam estes locais para depositarem os seus ovos, assegurando nutrição e proteção para que as larvas cresçam em segurança até à idade adulta, altura em que saem das bulhacas. A saída dos insetos adultos fica registada nas bulhacas sob a forma de pequenos orifícios, facilmente observáveis a olho nu.
Além de as bulhacas fazerem parte do património natural do Planalto Mirandês, estão também incluídas na esfera da sua cultura popular. Nas Festas de Inverno que se aproximam, é frequente observá-las nos colares dos Mascarados de muitas localidades. Dois bons exemplos são a Festa do “Velho e da Galdrapa” de São Pedro da Silva e a “Festa do Menino” de Vila Chã da Braciosa, ambas no concelho de Miranda do Douro
Sem comentários:
Enviar um comentário