As alterações climáticas, a seca, os incêndios, a crise económica são apenas algumas das causas apontadas para esta situação delicada que o setor atravessa.
O presidente da Cooperativa dos Produtores de Mel da Terra Quente, gestora de uma zona controlada que abrange os concelhos de Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Alfândega da Fé, Vila Flor e Torre de Moncorvo, não tem dúvidas que nos cerca de 40 anos que está ligado ao setor da apicultura, os últimos três anos foram “os mais fracos de sempre” de produção de mel na região e avança com números concretos. “Em anos normais, aqui na Terra Quente a média de produção andava nos 20 a 30 quilos por colmeia. Há três anos, houve uma média de 7 a 8 quilos e o ano passado não passou dos 3 quilos. Ora, para criar riqueza, tem de ter, no mínimo 10 quilos, agora com três quilos, estamos a pagar para trabalhar”, afirma José Domingos Carneiro.
O dirigente lamenta que não existam apoios por parte do Governo para fazer face a esta crise na produção de mel, lembrando a importância que as abelhas têm para a agricultura, como insetos polinizadores.
Bernardete Valente, uma experiente apicultora de 81 anos de Torre de Moncorvo, diz que “tudo tem vindo a mudar nos últimos anos” e com prejuízo assinalável não só para a apicultura mas para todo o ecossistema. “Desde que começaram os herbicidas, começaram a desparecer as plantas e o mel começou a cair e com a chegada dos incêndios, então acabou com tudo”, afirma.
Bruno Terêncio, técnico da Cooperativa de Produtores de Mel da Terra Quente, lamenta a falta de apoio. “Infelizmente, é com alguma tristeza que digo que o setor apícola não tem sido muito acarinhado por parte das entidades responsáveis”, diz.
Perante este cenário de quebra acentuada de produção de mel e sem ajudas, o presidente da cooperativa de produtores de mel da terra quente, José Domingos Carneiro, espera que os Municípios “possam conceder alguma ajuda financeira”.
A presidente da câmara de Mirandela lembra que já existe um regulamento municipal de apoio à produção pecuária e que está a ser estudada a possibilidade de ser incluída uma compensação financeira para os apicultores do concelho. “Vamos ver se conseguimos incluir uma verba no orçamento para 2024”, refere Júlia Rodrigues, apesar de adiantar que será sempre “um apoio residual”, lançando o desafio aos apicultores para que, de uma forma concertada, façam valer os seus direitos junto do poder central. “A resposta das políticas públicas tem de ser mais robusta por parte do Governo e dos fundos comunitários para haver um apoio específico à apicultura como há em outras produções agrícolas”, salienta.
Sem comentários:
Enviar um comentário