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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Benfiquismo: a religião mais professada em Portugal

Por: António Pires 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

A par da eterna e recorrente discussão sobre qual o melhor/maior clube português (entre as “opções” Porto, Benfica e Sporting), coloca-se a dúvida em relação ao lugar que os professantes dos mesmos ocupam na tabela do fanatismo. Como adepto de futebol (apoiante incondicional da equipa das quinas), quando, instado a pronunciar-me sobre o segundo tema (o primeiro é muito discutível e pouco pacífico), limito-me a reconhecer o obvio: existem mais fanáticos no Benfica, porque o número de adeptos é incomparavelmente maior que o dos clubes objecto de comparação.
Atento aos fenómenos sociais, desde sempre me dei conta que a maioria dos adeptos do Benfica vive o benfiquismo como sendo a sua causa maior, o ar que respiram. Nos dias em que a equipa da luz joga, naqueles 90 minutos (mais uns pózinhos), o país pára, a respiração dos adeptos fica suspensa, os cafés e os bares ficam à pinha, transformando-se em verdadeiros santuários de culto, retiros espirituais em versão barulhenta.
Até aqui tudo bem. O problema é que nestas práticas religiosas nem sempre há lugar para os não crentes, os ateus e os agnósticos, ganhando força a máxima do “quem não é por nós é cotra nós”. Para alguns fiéis, a lei do Corão é levada a sério: o vinho do Porto não entra numa dada casa de pasto de Bragança, por ter, imagine-se o ridículo, o mesmo nome que o clube rival da Invicta. Como também há bebedores de cerveja (mesmo não distinguindo, em prova cega, a marca que estão a ingerir), que se recusam beber Super Bock, por ser fabricada em Leça do Balio, no Porto. 
 Em dois momentos separados no tempo, pude verificar que o benfiquismo é mesmo um credo.
Num dado fim de semana do passado mês de Maio (sexta ou sábado, não sei precisar), reservei mesa, para o jantar, num conhecido restaurante de Bragança, cujo “prato principal”, pelo menos p´ra mim, era a publicitada música ao vivo. Nessa mesma noite jogava o “glorioso”. Meia hora depois do músico começar a tocar, num ambiente animadíssimo, o gerente, contra todas as expectativas, teve a peregrina e insensata ideia de dar ordens para parar a “banda”, com a justificação de que ia começar a jogar o Benfica, na televisão.
Mais recentemente, no passado sábado, entrei num bar para fazer uma partida de snooker com o meu adversário habitual e preferido, no momento em que (azar dos Távoras), nas quatro televisões ligadas, o Benfica estava a jogar contra o Guimarães. Quando, pois, nos preparávamos para tirar os tacos das respectivas bolsas, eis que o gerente nos diz: “não podeis jogar, enquanto não acabar o futebol”.
 Fiquei bastante sentido e desgostoso, por três motivos: 1 - é o sítio em Bragança, a par do restaurante Sport, onde se bebe a melhor e mais fresca caneca de cerveja; tem um ambiente fantástico, acolhedor, com “clientes de bairro”, lugar onde se cultiva a amizade, porque tudo gente boa; o dono e os funcionários são extremamente simpáticos. 2 – Nós não perturbávamos a oração, porquanto a mesa de snooker está ligeiramente afastada do local de culto. 3 – O Benfica, naquele momento, aos 55 minutos de jogo, já estava a ganhar 4 – 0; logo, não havia motivos para estados de tensão ou nervosismo.
Eu pergunto: se, nos dois exemplos referidos, estivesse a dar o Porto ou o Sporting na televisão, o “tratamento” seria o mesmo. De certeza absoluta que não!
Embora goste de futebol e tenha praticado, durante anos, como amador, esta modalidade desportiva, continuo a achar que o dito é, como alguém assim o considerou, “a coisa mais importante das coisas menos importantes”.

António Pires


António Pires
, natural de Vale de Frades/S. Joanico, Vimioso.
Residente em Bragança.
Liceu Nacional de Bragança, FLUP, DRAPN.

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