Apesar de parte da rua estar classificada como pedonal, não só apenas os veículos autorizados, como fornecedores e trabalhadores, circulavam por ali, mas também era habitual ver viaturas particulares a fazer uso dela.
Esta decisão não agradou aos comerciantes daquela rua, que relataram vários constrangimentos desde que o acesso foi impedido.
João Vieira é proprietário de uma pastelaria naquela zona que fornece vários estabelecimentos. Conta que o fecho da rua dificultou muito a vida a trabalhadores, fornecedores e clientes:
“É um problema gravíssimo e quem tomou a decisão fê-lo de ânimo leve e não saber o que estaria a fazer ou a pensar, sem ouvir os comerciantes.
Eu, como responsável de uma empresa quem emprega 40 funcionários aqui, estou imensamente revoltado por colocarem ali umas floreiras a impedir as cargas e descargas de carros para nos abastecerem e os nossos próprios carros de poderem circular.
É um transtorno enorme, tanto para os fornecedores como para os clientes, que fazem encomendas de algum valor e não podem estacionar um carro no parque para levar quatro ou cinco caixas na mão.
Ainda hoje aconteceu com que o camião de um fornecedor de recheio não conseguiu entregar mercadoria porque a rua estava fechada.”
Carina Lopes é proprietária de um café naquela rua e também não concorda com o fecho da rua.
De acordo com a comerciante, dificulta o trabalho dos fornecedores e põe em causa alguma segurança:
“Acho que ela ficou menos pedonal porque agora o trânsito faz inversão de marcha na Praça Agostinho Valente, em frente ao nosso estabelecimento.
Por mais complicado que isto possa parecer, acho que é preciso adequar as terras às gentes. Sabemos que as pessoas vão ali de táxi carregar as compras e muitos comerciantes de cafés das aldeias vão à tabacaria buscar tabaco.
Não falo por mim, pois é raro que alguém vá tomar café de carro, mas sei que há outros comércios, que em termos de trânsito, ficam mais afetados.
A mim o que me afeta é a preocupação de haver ali inversão de marcha de veículos e causar algum transtorno quanto à saída e entrada para o meu estabelecimento e acho que não fica bonito.
Queria que a Câmara nos explicasse qual o intuito deste fecho de rua, porque não nos foi explicado.”
Edite Justo é outra das comerciantes da Rua Almeida Pessanha e diz que o fecho da rua tornou-a mais “deserta”:
Acho que houve mais movimento com o fecho do trânsito na rua, pois antes os carros passavam para baixo mas não faziam retorno. O trânsito duplicou e afastou mais pessoas, tornou-se numa rua deserta. Ainda esta semana bateu um carro nos postes.
A rua deveria ter um sentido único, com limitação de passeios e acho que nunca deveria ter sido pedonal pois não se justifica, uma vez que ali não passam 10 pessoas por dia.”
Perante o descontentamento da generalidade dos comerciantes daquela zona da cidade, a Associação Comercial, Industrial e Serviços de Macedo de Cavaleiros convocou para a passada quinta-feira à noite uma reunião, na qual a questão foi debatida e foram recolhidas assinaturas para entregar, juntamente com um manifesto de descontentamento, à autarquia.
O presidente da entidade, Paulo Moreira, refere que as reclamações foram muitas e considera que a associação deveria ter sido ouvida antes de tomarem a decisão de fechar aquele acesso:
“A ACISMC começou a receber bastantes telefonemas e abordagens relativamente à decisão que foi tomada de fechar aquela rua.
Como representamos comerciantes quisemos ouvir a opinião deles e, com isso, vamos fazer chegar à Câmara uma carta, uma intenção com a assinatura dos presentes, a manifestar o desagrado pelo fecho da rua, de forma a que se possa criar ali soluções para que seja uma rua segura, que cumpra as características todas, pois neste momento eles estão bastante descontentes.
Já o comércio não está famoso em termos de negócio e os comerciantes não acham que este seja um contributo para que melhore.
Neste âmbito, a consulta acho que teria sido importante, no sentido de que poderíamos ter feito a ponte com os comerciantes e a Câmara, antes de fecharem a rua.”
No entanto, desde sexta-feira que a rua volta a estar aberta, mas limitada apenas a viaturas de trabalho.
O vice-presidente da autarquia de Macedo, Rui Vilarinho, que garante ter consultado alguns comerciantes e não comerciantes antes de fechar a rua, explica que decidiram fazê-lo por uma questão de segurança, mas depois de constatarem que havia constrangimentos, entenderam que não foi a melhor opção:
“A decisão foi tomada só para tentar acabar com o trânsito oportunista, que acontecia diariamente. Aliás, 90% do trânsito que ali acontecia era trânsito oportunista, só para fazer um atalho. Carros com velocidades inadequadas para aquele espaço e é uma rua pedonal.
Houve um atropelamento há pouco tempo e tem havido situações perigosíssimas.
Constatámos in loco, depois de falar também com alguns comerciantes, que os camiões pesados tinham muita dificuldade em fazer inversão de marcha, o que causava ali constrangimentos terríveis.
Depois de conversar com a associação comercial, entendemos abrir novamente, mas mais condicionado do que estava. Os carros ligeiros que não estejam identificados como de trabalho não podem entrar ali. Só é permitida a entrada a carros pesados, viaturas de socorro e viaturas, ligeiras ou não ligeiras, que devidamente identificadas como de trabalho, irão passar por ali para efetuar o seu serviço.”
E para garantir que as normas são respeitadas, a Câmara vai pedir um reforço de patrulhamento da GNR:
“Já falei com eles e na segunda-feira vamos ter uma reunião, na qual vou apelar para que haja uma vigilância mais apertada, para que consigamos fazer, por todos, com as medidas que também que tomámos agora, com que as pessoas sejam mais cumpridoras e se sintam em segurança.”
Depois de muito descontentamento dos comerciantes, a Rua Almeida Pessanha volta a estar aberta, no entanto, apenas a veículos de trabalho.
A questão também foi levantada na reunião de Assembleia Municipal de Macedo de Cavaleiros desta sexta-feira.
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