Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 30 de setembro de 2023

De “ A a Z “ – sem filtros - “DESCAMISADOS”

Por: Maria dos Reis Gomes
(colaboradora do Memórias...e outras coisas...)

Na sequência da construção do “glossário - dos meus “estados de alma” - que iniciei com as publicações de 23 de Julho, hoje escrevo sobre  os “descamisados”…. Não vou fazer história nem contar estórias sobre a vida de Eva Duarte de Perón, mas… sim, lembrei-me dela e da sua relação com os “descamisados”, na sua Argentina, e dos movimentos por justiça social.
Justiça social é o que falta neste mundo que desrespeitamos todos os dias. Numa população de cerca de 8,04 de bilhões de pessoas, mais de 780 milhões vivem abaixo do limiar da pobreza e 11% da população total vive em pobreza extrema, sem conseguir satisfazer necessidades básicas de alimentação, saúde, acesso a água e saneamento. *
Não vou fazer análise sociopolítica sobre os dados que acabo de expor e que se encontram ao alcance de quem os quiser consultar. Basta olharmos à nossa volta: as filas para aceder a uma refeição diária, aos sem-abrigo que estão nas ruas, defendendo-se do frio e dos ataques, nas estações de metro ou em qualquer pardieiro à espera que um qualquer cigarro, mal apagado, os faça desaparecer.
A miséria encapotada é mais que muita: filhos que continuam em casa dos pais apesar de trabalharem e desejarem a sua independência, novas famílias que não se formam, “velhas famílias” que se aguentam na mesma casa apesar de já não terem nada em comum, filhos que desaprendemos a amar e educar”, depositando na escola o que devia ser feito em casa. Sofremos pelos pais, pelos filhos e netos que não temos por perto. Despovoaram-se aldeias, onde só ficaram os “velhos”, abandonados e tristes, sem o poder reivindicativo de sindicatos que os defenda, num mundo de cada um por si.
Depois, porque não estamos bem, olhamos de “soslaio” e desconfiança todos aqueles que nos procuram, fugindo das guerras, da fome, da violência, e que, em vez da segurança que procuram, são acolhidos por gente que se aproveita da sua fragilidade, para os explorar sem qualquer escrúpulo. Já fomos de tudo: emigrantes e imigrados, refugiados e estrangeiros. E, apesar disso, sem querer entrar na verdade da nossa história, fica-me a sensação de que não conseguimos evitar que um passado colonizador contamine as nossas acções. 
Não, não “somos todos um só”. A proximidade cultural, que o processo de mundialização nos permitiu imaginar, está longe de se concretizar. Não basta dizer, como afirma o biólogo americano Alan Templeton, que não existem raças, que as diferenças genéticas entre as mais distintas etnias são insignificantes e que o conceito de raça não é biológico, mas cultural. 
Então, inferimos, que por mais semelhantes que sejamos, por mais camisas que já hoje consigamos envergar, os descamisados ou “despojados” da Eva Perón, continuam dramaticamente a existir, cada vez mais e em diferentes geografias.

Maria dos Reis Gomes
28 de setembro de 2023

*10% da população mundial controla 76% de toda a riqueza deste planeta, 50% dos mais pobres vão sobrevivendo com 2%, nós “os médios”, temos que trabalhar muito e ter alguma sorte para usufruir dos 22% que restam


Maria dos Reis Gomes
, nascida e criada em Bragança.
Estudou na Escola do Magistério Primário em Bragança, no Instituto António Aurélio da Costa Ferreira em Lisboa e na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação no Porto, onde reside.

Sem comentários:

Enviar um comentário