A preocupação foi deixada pelo presidente da Federação das Associações de Caçadores da Primeira Região Cinegética, João Alves, que considera que o Governo podia intervir mais nesta área, em vez de deixar o setor “ao abandono” :
“Sem caça as pessoas vão ficando cada vez mais pessimistas e vão desistindo da atividade.
Por mais que se goste de andar e desfrutar do campo e da natureza, convém que se vá vendo alguma caça.
Há muita gente a deixar de pagar as licenças.
O Estado devia fazer um pouco mais nesse sentido, temos alertado as autoridades pois infelizmente, de há 20 anos a esta parte, no que está relacionado com a caça, as coisas em vez de acontecerem foram deixando de acontecer.
Deixou de haver guardas florestais com as condições que tinham antes, o Estado deixou de comparticipar com os caçadores uma percentagem que nos dava das licenças para podermos investir na caça e o próprio Estado abandonou alguns projeto que existiam, para o coelho e para a rola, por exemplo, .
Acho que o setor tem sido muito abandonado e desprezado.”
Se nos últimos anos o grande problema era a diminuição da caça menor, com a doença hemorrágica do coelho bravo a matar muitos animais, agora também na caça maior se estão a verificar menos efetivos:
“Na caça maior também parece haver um decréscimo, também fruto da grande pressão que tem sido exercida, porque o ICNF pretende reduzir os efetivos de javalis, pois correram notícias de que havia uma sobrepopulação e com medo que a PSA (Peste Suína Africana) se instale no nosso país, quiseram reduzir.
O javali pode ser caçado durante todo o ano nas esperas, durante os períodos de lua, mas o que fizeram desta vez foram correções extraordinárias de densidades, que fizeram com que se caçasse praticamente todos os dias.
Depois também há um novo fator. Começaram a aparecer por aqui lobos em diversas zonas e tem sido outro dos fatores que, no meu entender, tem feito com que haja algum decréscimo essencialmente de corços e javalis.
Em relação à caça menor, o coelho, em algumas zonas, parece estar a querer recuperar, mas como ainda é uma situação muito recente, teremos de esperar mais algum tempo para avaliar se se vai manter ou se é temporário.”
Além disso, os custos e as burocracias para poder caçar são cada vez maiores:
“Hoje ser caçador é uma atividade muito cara, as licenças têm subido exponencialmente, há cada vez mais exigências, agora até é preciso fazer cursos de atualização de uso e porte de arma, tirar a carta de caçador é muito caro e as armas e os cartuchos também não são baratos. Tudo isto faz com que haja cada vez menos interessados.
Se houver pouca caça e com todos estes problemas, é lógico que as pessoas desanimam.”
De acordo com o calendário venatório aprovado pelo Governo, é permitido caçar ao coelho bravo e à lembre a partir de 1 de outubro e até 25 de dezembro, nos terrenos designados como “não ordenados”.
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