quinta-feira, 28 de setembro de 2023

Recusa de médicos em fazer mais do que as 150 horas extraordinárias põe em causa as Urgências

 O crescente número de médicos que se recusa a fazer mais do que as 150 horas extraordinárias anuais obrigatórias poderá vir a colocar em causa o funcionamento de serviços de urgência.


O movimento, que está a crescer a nível nacional, também afeta a Unidade Local de Saúde do Nordeste, que inclui os hospitais de Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mirandela.

O Mensageiro de Bragança procurou obter esclarecimentos por parte do Conselho de Administração mas, até ao fecho desta edição, não obteve qualquer resposta aos diversos contactos efetuados.

Ao que foi possível apurar junto de fonte hospitalar, são vários os médicos nesta situação nos hospitais do distrito o que, nas próximas semanas, ameaça deixar em causa o regular funcionamento do serviço de urgência.

De acordo com os dados fornecidos ao Mensageiro, dez dos 12 médicos de cirurgia geral, 27 dos 28 de medicina interna, nove dos 13 de medicina intensiva e cinco dos seis de pediatria atingiram o limite das 150 horas extraordinárias mas há ainda constrangimentos nos serviços de anestesiologia e patologia clínica.

Perante a falta crónica de médicos na região, o recurso a horas extraordinárias é uma constante.

Sem possibilidade de efetuar mais horas extra, obriga-se ao encerramento em vários períodos dos serviços de urgência e à transferência de doentes para outros hospitais.

No caso do distrito de Bragança, doentes urgentes ou mesmo críticos terão de ser transportados para Vila Real, que está a braços com o mesmo problema, e Porto, a mais de 200 quilómetros de distância.

Fonte médica admitiu ao Mensageiro que isso poderá provocar, também, um congestionamento das ambulâncias de emergência do INEM, para além “do risco clínico muito elevado”.

Outra das consequências será o encerramento de múltiplas camas do serviço de cuidados intensivos.

A resposta em Cirurgia Geral fica, também, “severamente comprometida”, o que poderá traduzir-se na ausência desta especialidade no serviço de urgência, “sem possibilidade de assegurar cirurgias urgentes e emergentes”.

Também implica o bloco operatório de urgência por indisponibilidade de clínicos bem como grandes constrangimentos na Urgência Pediátrica e na Urgência Obstetrícia.

Em carta aberta, o grupo Médicos em Luta garante que não tem “afiliações políticas nem sindicais” pois dizem que “a luta pelo SNS é de todos”.

António G. Rodrigues

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