Deveriam chegar em Outubro, mas o IFAP- Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas, anunciou que só deverão ser pagos em Julho do próximo ano. Há quem ameace deixar este tipo de produção, porque diz que não compensa.
Aristides Cadavez tem quase 30 hectares de olival na aldeia de Vale de Telhas, no concelho de Mirandela. Diz ter sido apanhado de surpresa quando soube que o apoio poderia chegar só no próximo ano e admite que pode comprometer a tesouraria da empresa.
“Eu estaria em Dezembro com 15 ou 20 mil euros a mais ou pelo menos para fazer face às despesas e desta forma tenho 7 ou 8 e que pode comprometer a colheita da azeitona que será em Novembro e Dezembro e futuramente as adubações, nos meses de Janeiro, Fevereiro e Março, que estaria a contar com esse valor, que não tenho, só vem depois em Julho”, criticou.
O agricultor deixou a agricultura integrada e passou a biológica, porque queria fazer uma “experiência”, mas, reconhece que não é tão barata como se pensa e possivelmente este será o último ano.
“Eu acho que muita gente passa para agricultura biológica, porque o subsídio é um bocadinho melhor, mas isso é um erro, porque depois há outras situações em que essa diferença do subsídio não é compensadora. Por aquilo que eu já tenho constatado acho que não vou continuar a biológica. Se calhar para o próximo ano vou ponderar os custos e os proveitos e acho que não me vale a pena estar na biológica”, adiantou.
O anúncio do IFAP também não agradou a Cristophe Monteiro. Tem 14 hectares de amendoal e um hectare de mirtilos, na aldeia de Vale Torno, no concelho de Vila Flor. O agricultor também considera que a agricultura biológica não está a ser rentável.
“Se os agricultores soubessem o custo de produção do que é estar em biológico, acho que grande parte das pessoas não iam aceitar, porque os adubos são muito mais caros, é uma diferença abismal, vivemos num período em que as condições meteorológicas, não é por apostar no biológico que vão salvaguardar o que quer que seja. Há dois anos seguidos, tirando este ano de colheita, que não consegui colher nada”, lamentou.
Cristophe Monteiro espera que o apoio seja pago o quanto antes, porque caso contrário terá “repercussões enormes” e será “difícil” para os agricultores aguentar as explorações.
A Confederação dos Agricultores de Portugal acredita que este atraso se deve ao PEPAC, Plano Estratégico para Nova Política Comum, não ter sido bem delineado. O presidente da CAP, Álvaro Moura, diz que não faz sentido haver tantas medidas específicas que só dificultam a vida dos agricultores.
“Não faz sentido inventar dezenas e dezenas de medidas específicas que depois não se conseguem implementar, não se conseguem controlar, que implicam uma carga burocrática muito mais complicada. Tivemos agricultores que 10 dias antes do prazo terminar para apresentação das candidaturas nos perguntavam como é que se fazia a apresentação de um determinado perdido e nós perguntávamos ao Ministério da Agricultura e o ministério não sabia responder”, contou.
A CAP já tinha emitido um comunicado a mostrar a sua posição de desagrado face ao atraso dos pagamentos dos subsídios e quer acreditar que esta situação não se volta a repetir.
A Comunidade Intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes também já tinha mostrado o seu descontentamento com o anúncio do IFAP. Acredita que esta é mais uma forma de afastar os jovens da agricultura.
Sem comentários:
Enviar um comentário