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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

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COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

COMO INTERPRETAR FACTOS HISTÓRICOS

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

Conversando com professora do 1º Ciclo, esta, narrou-me curioso episódio, ocorrida na sala de aula:
Corriam os primórdios dos anos oitenta. Os símbolos nacionais haviam caído no esquecimento - bandeira e hino.
Fora educada em colégio, que exaltavam o amor à Pátria e respeitavam, diria melhor: veneravam os símbolos, que a representam e a enaltecem.
Ardendo de amor patriótico assentou levar para a escola, bandeirinha e letra do hino oficial da nação.
Após colocar a bandeira na secretária, começou a ler-lhes trecho patriótico, acessível à idade dos ouvintes, para lhes avivar o amor à Pátria.
Silencio augusto. A acriançada entusiasmada, arregalava os olhos de curiosidade. Ninguém bulia.
Terminada a fascinante leitura, a professora mostra a bandeira e pergunta-lhes:
- Quem conhece esta bandeirinha?
Menino expedito, de imediato ergue-se, estica o braço, e de indicador apontado para o céu branco de estuque, responde com sorrisinho maroto:
- É a bandeira da seleção!...
Não se enganara, mas desconhecia que era a bandeira do seu país!
O desconhecimento era devido à mass-media ter evitado, durante anos, invocar símbolos e factos patrióticos que, na época, eram, em geral, mal interpretados.
Havia, até, quem fosse de parecer, recontar a nossa História. Julgava-se ser necessário expurgá-la, e ensiná-la de harmonia com as ideologias em voga.
As atitudes dos homens do passado, modo de sentir e agir, devem ser sempre enquadrados na época em que acorreram.
Meu pai, quando frequentava a escola, o ensino era feito de palmatória. Chegava a casa com as mãos num cepo. Os familiares riam-se e diziam: " Estuda que ninguém te bate!"
Trindade Coelho, na autobiografia, assevera que lhe batiam nos nós dos dedos com régua - régua em esquina, - e o pai concordava com a barbaridade!...
No meu tempo do bê-á-bá, apesar de ser proibido, ainda se ensinava a tabuada à palmatoada!
Num importante colégio, alunos que não soubessem a gramática, na ponta da língua, ficavam de joelhos, sobre as carteiras... e estávamos já nos anos cinquenta!
Eram os professores e os pais sádicos? De modo nenhum. O castigo físico era considerado a melhor pedagogia.
É, portanto, absurdo criticar figuras que viveram em séculos passados, pela forma como pensavam e agiam.
Os acontecimentos históricos devem ser analisados, consoante a mentalidade corrente no tempo em que ocorreram, e não à luz dos tempos atuais, se quisermos ser honestos, caso contrário será pura ignorância.

Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG”. e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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