"A erradicação da vespa asiática [em Portugal] será muito difícil, praticamente impossível." A frase dita por Paula Cruz Garcia, subdiretora-geral de Alimentação e Veterinária, atesta o convencimento de que o país terá de ser habituar a conviver com esta praga exótica que, atualmente, é o principal inimigo dos produtores de mel.
Paula Cruz Garcia refere que a experiência em países que também foram invadidos por esta vespa (também conhecida por velutina) mostra que "a erradicação é extremamente difícil", porque "tal significaria um impacte ambiental excessivamente elevado". Ou seja, exterminar aquela espécie representaria uma campanha de aplicação de produtos tóxicos que iria "destruir também outros insetos que não são visados".
A estratégia adotada é "o controlo da população", reduzindo-a ao máximo possível, de modo que se possa "conviver com esta praga sem ter os danos que atualmente se estão a verificar, nomeadamente, na apicultura". A responsável salienta que "os prejuízos já são bastante importantes e preocupam bastante".
O controlo passa por projetos, nomeadamente os que são implementados em territórios mais vastos, como o que a Comunidade Intermunicipal do Douro (CIM-Douro) tem no terreno - o Gesvespa - abrangendo 19 concelhos dos distritos de Bragança, Vila Real, Guarda e Viseu.
"É fundamental que exista uma estratégia regional harmonizada", considera Paula Cruz Garcia, que não concorda com a que existiu noutros tempos, em que "era cada município por si e as coisas não funcionavam bem". Com isto, "provavelmente ajudou-se a vespa a dispersar-se". A "junção de esforços" é, por isso, "muito importante" para que se consiga chegar a "um ponto em que há um equilíbrio".
Em suma, "a vespa vai continuar a existir, mas será um problema menor do que o que temos agora", que é o de "proteger os apicultores e as abelhas", dado que estas são "essenciais à vida por, pelo seu trabalho polinizador, permitirem que tenhamos alimentos na mesa".
Estas declarações de Paula Cruz Garcia aconteceram à margem da apresentação, em Carrazeda de Ansiães, do programa Gesvespa Douro - Gestão Integrada da Vespa Velutina que tem como objetivo o combate a esta espécie invasora os 19 municípios da CIM-Douro.
Nesta região "foram inativados cerca de 700 ninhos, no que vai decorrido de 2023, e 300 em todo o ano de 2022", contabilizou o chefe de divisão na CIM-Douro, João Gonçalves.
O Gesvespa procurou, primeiro, saber de que forma a velutina estava distribuída na região para poder colocar mais de 1500 armadilhas. Estas são constituídas por uma espécie de garrafa de plástico, que tem no interior uma solução que as atrai e uma base para permitir que outros insetos não sejam atraídos. Uma vez lá dentro, a vespa já não consegue sair.
Foi também adquirido material de proteção para funcionários dos municípios e bombeiros envolvidos no ataque às vespas, bem com varas para permitir a injeção nos ninhos do produto para matar os insetos.
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