Inserida no Parque Natural de Montesinho, 15 km a Noroeste de Bragança, a aldeia de Palácios pertence desde 2013 à União das Freguesias de São Julião de Palácios e Deilão, juntamente com Caravela, Vila Meã e Petisqueira. Freguesia de Paços, assim denominada nas Inquirições de D. Afonso III (1258), com herdades agregadas ao Mosteiro do Castro de Avelãs, teve a Casa de Bragança por donatária a partir do século XV.
Com a criação da Diocese de Miranda em 1545, o padroado da Igreja passou a pertencer “in solidum” ao Cabido. Seiscentista, a Igreja situa-se no meio da aldeia, delimitada por adro. Tinha então duas naves, o altar-mor dedicado a São Miguel e os altares laterais de Nossa Senhora do Rosário, no lado do evangelho, e de Santa Cruz, no da epístola. Atualmente é de nave única, o frontispício, com portal de verga reta, é cego, truncado por campanário com dupla sineira, resguardado por telheiro, a terminar em empena e encimado por cruz latina. O acesso é feito por escadas adossadas à fachada lateral esquerda. A fachada lateral direita tem portal também de verga reta protegido por alpendre.
A nave é sóbria, com piso em mosaico, paredes rebocadas e pintadas de branco e teto de madeira em forma de berço, com tirantes transversais. Contém coro-alto balaustrado, a que se acede por escadas do lado da epístola, compartimento de batistério no do evangelho e um distinto púlpito, de acesso através da sacristia. A guarda é balaustrada e apoia-se em plataforma de granito escalonada em pirâmide invertida sobre mísula, de pinturas policromadas. Está encimado por robusto e estético dossel, com pomba do Espírito Santo dourada ao centro. Relativamente aos altares laterais, em estilo rocaille, confrontantes e gémeos, verifica-se mudança na sua dedicação: Sagrado Coração de Jesus no lado do evangelho; Nossa Senhora de Fátima na epístola.
Os retábulos, policromados e de eixo único, são definidos por pilastras exteriores, de cor rosa a marmoreado fingido, e colunas interiores de fuste liso, cor verde e concheados dourados, e capitel coríntio. O nicho que acolhe as imagens, com painel costeiro liso e pintado, apresenta moldura almofadada e recortada. É coroado por espaldar concheado e volutado, “amparado” por duas figuras angélicas seminuas. O arco triunfal, de granito e em arco de volta perfeita assente sobre impostas salientes, franqueia a capela-mor, mais estreita que a nave. O teto é forrado a madeira pintada de azul, com decoração floral e cartela central. A mesa em uso nas celebrações é em forma de urna, pintada a rosa e verde e decoração vegetalista a dourado, e a do altar paralelepipédica, com cartelas douradas no frontal. O retábulo foi encomendado em 1767 ao mestre entalhador Francisco Xavier Machado, da Quinta de Veigas, pelo Cónego diocesano Simão Coelho e por Miguel de Novais, procurador do 5.º Visconde de Barbacena e Comendador de São Julião, Francisco Vicente Xavier Furtado de Castro do Rio de Mendonça. É um precioso exemplar rocaille de talha policromada e três eixos, profusamente decorado por concheados relevados a dourado.
As pilastras interiores, onde assenta arco de volta perfeita moldurado, enquadram a tribuna. De vão profundo, expõe o Orago São Miguel Arcanjo, príncipe celeste que defende o trono de Deus, em majestoso trono escalonado. O painel costeiro é pintado de azul com floreados e o intradorso apainelado. Quatro colunas de fuste liso a marmoreado fingido com concheados e capitel coríntio definem os nichos laterais, com São José e Santo António, com o Menino, sobre peanha. Das colunas interiores emerge arquivolta.
O ático dá ideia de cortina de camarim, com duas volutas, cartelas concheadas e festão superior. Qui ut Deus!
Errata: Na Igreja anterior, por lapso referiu-se Calvelhe a Norte e não a Sul do concelho.
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