O evento ibérico iniciou-se com o habitual desfile pela zona histórica da cidade de Miranda do Douro, no qual participaram 200 pessoas, portugueses e espanhóis, trajados com a emblemática capa d’honras.
No largo da Igreja da Misericórdia, a comitiva juntou-se aos numerosos fiéis que participaram na Benção dos Ramos, antes da celebração da eucaristia, na concatedral.
No final da celebração religiosa realizou-se a cerimónia de engrandecimento da Capa d’Honras, com a intervenção inicial de António Rodrigues Mourinho. O historiador lembrou que esta peça de vestuário ancestral, inicialmente usada pelos pastores, é hoje um símbolo comum da Terra de Miranda e das regiões vizinhas espanholas de Aliste, da Sanábria e de Leão.
Bem a propósito, o músico espanhol, Luís António Pedraza, em representação do saudoso escultor zamorano, Ricardo Flecha, (1958-2023) também sublinhou os laços culturais entre as duas regiões raianas.
Em setembro de 2023, Ricardo Flecha doou ao município de Miranda do Douro uma capa d’honras com mais de 100 anos. O escultor natural de Zamora foi presidente da Asociacion de Promoción y Estudio de la Capa Alistana e foi um assíduo participante na cerimónia de Exaltação da Capa d’Honras Mirandesa.
Na cerimónia deste ano, participou também a designer de joalharia, Manuela Ferraz, que deu a conhecer quatro coleçóes de jóias inspiradas nas capas mirandesas. “Com este trabalho pretendemos promover a valorizar este património cultural”, justificou.
De seguida, o etnógrafo e diretor do Centro de Música Tradicional Sons da Terra, Mario Correia, acrescentou que a Capa d´Honras Mirandesa é simultaneamente uma peça do património cultural imaterial e material (físico) da região.
Dado o valor cultural desta peça de vestuário, a Direção-Geral do Património Cultural (DGPC) inscreveu, em novembro de 2022, a Capa de Honra Mirandesa no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial (INPCI), culminando “um longo caminho na salvaguarda desta peça do traje transmontano”.
No encerramento da cerimónia, a presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, agradeceu a participação de portugueses e espanhóis, lembrou a generosidade do escultor Ricardo Flecha e destacou que a Capa d’Honras é uma peça de vestuário que consegue unir os dois povos irmãos, de Portugal e de Espanha.
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