Por: César Urbino Rodrigues
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")
1 - Dada a sua continuidade, já nos habituámos à violência vivida no Médio Oriente, que todos os dias nos entra casa adentro através das televisões.
Do lado israelita, os tanques e os helicópteros vão destruindo casas e matando palestinianos.
Do lado destes, os bombistas-suicidas escolhem indiscriminadamente os seus alvos, matando nos cruzamentos, nas centrais rodoviárias, nas festas de casamentos, em qualquer lugar onde possam matar mais gente duma só vez. Os palestinianos exibem, perante as televisões, as suas crianças mortas pelas balas judias; os israelitas mostram as suas crianças, da mesma idade, mortas pelas balas palestinianas. Os primeiros dizem que matam terroristas; os segundos dizem que lutam contra os ocupantes. Os israelitas dizem que matam para se defenderem; os palestinianos afirmam o mesmo. Quem tem razão, afinal?
Embora tenham eclodido mais manifestações de apoio aos palestinianos do que aos israelitas, julgo que as culpas tanto são daqueles como destes. No fundo, estamos a assistir ao triunfo dos extremistas de ambos os lados.
Do lado israelita, os tanques e os helicópteros vão destruindo casas e matando palestinianos.
Do lado destes, os bombistas-suicidas escolhem indiscriminadamente os seus alvos, matando nos cruzamentos, nas centrais rodoviárias, nas festas de casamentos, em qualquer lugar onde possam matar mais gente duma só vez. Os palestinianos exibem, perante as televisões, as suas crianças mortas pelas balas judias; os israelitas mostram as suas crianças, da mesma idade, mortas pelas balas palestinianas. Os primeiros dizem que matam terroristas; os segundos dizem que lutam contra os ocupantes. Os israelitas dizem que matam para se defenderem; os palestinianos afirmam o mesmo. Quem tem razão, afinal?
Embora tenham eclodido mais manifestações de apoio aos palestinianos do que aos israelitas, julgo que as culpas tanto são daqueles como destes. No fundo, estamos a assistir ao triunfo dos extremistas de ambos os lados.
2 - Durante muito tempo, os palestinianos não quiseram reconhecer o direito de Israel a existir como nação; por sua vez os israelitas têm recusado àqueles o direito a existirem igualmente como nação autónoma. Enquanto estas posições se mantiverem, não haverá paz no Médio Oriente e a guerra entre judeus e palestinianos vai continuar. A paz só será possível quando cada um dos beligerantes reconhecer, ao outro, o direito que reclama para si.
É certo que há palestinianos moderados e sensatos que reconhecem o direito de Israel a existir como nação; de igual forma, há judeus moderados que reconhecem o direito a uma Palestina autónoma e livre. Só que os extremistas dum lado e doutro vão jogando com o extremismo do lado contrário para justificar o seu próprio extremismo. Os judeus invocam o terrorismo dos bombistas suicidas para justificar a caça às infraestruturas dos bombistas, o que os leva a invadir frequentemente o território já reconhecido como sendo dos palestinianos. Estes, por suas vez, invocam a violência do exército israelita para justificar os seus actos terroristas, os mais espetaculares do quais são os ataques suicidas.
3 – Criou-se desta forma um ciclo de violência difícil de parar. Mesmo que os moderados acordem algum cessar-fogo, os extremistas conseguem sempre um acto mais violento para provocar os extremistas do outro lado e levar toda a opinião pública de cadapaís a pensar que o entendimento não é possível e que só a violência pode resolver o problema. É assim que vemos líderes moderados e premiados com o Nobel da Paz, como Shimon Peres, a alinhar a lado de Ariel Sharon, que procurou sempre na força a solução para o conflito com os palestinianos. O mesmo acontece com os líderes moderados árabes.
Para se resolver o problema é preciso, em primeiro lugar, que os responsáveis de ambos os lados se convençam que a violência só gera mais violência e nunca a paz. Só assim será possível que os moderados, dum lado e doutro, tenham a coragem de lutar contra os extremismos, a começar contra o extremismo dos seus próprios concidadãos. Os palestinianos têm de assumir o compromisso de punirem exemplarmente os actos terroristas dos seus extremistas, e os israelitas não podem confundir todo um povo com uma centena ou um milhar de extremistas.
Porque as culpas estão de ambos os lados, parecem-me ridículas as manifestações de apoio, seja a uns, seja aos outros. É sempre fácil fazer demagogia, sobretudo quando a emoção se sobrepõe à razão.
César Urbino Rodrigues
Edição nº 398, de 7 de maio de 2002 d’AVoz do Nordeste.
César Urbino Rodrigues, natural da aldeia de Peredo dos Castelhanos, concelho de Moncorvo, estudou 9 anos no Seminário de Macau, fez a licenciatura em Filosofia na Universidade do Porto, o Mestrado em Filosofia da Educação na Universidade do Minho, com uma tese sobre «As Coordenadas fundamentais da Educação no Estado Novo», e o doutoramento na Universidade de Valhadolid, em Teoria e História da Educação, com uma tese sobre a «Representação do Outro No Estado Novo. Foi professor no ensino secundário, na Escola do Magistério Primário de Bragança, no ISLA de Bragança, no Instituto Piaget de Mirandela e DAPP na Escola Superior de Educação de Bragança.
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