O Instituto Politécnico de Bragança está há oito anos a desenvolver estudos neste sentido. A investigadora Paula Baptista salienta que não há cura. A solução passa por criar produtos que diminuam os efeitos da doença na planta, de modo a não provocar quebras de produção. E os resultados têm sido promissores. “Passámos então para o estudo, vamos ver efectivamente se aqueles micro-organismos que nós pensamos que contribuem para o estado saudável da planta, se efectivamente têm este papel e foi isso que fizemos. Isolámos estes micro-organismos e testámos a sua acção, o seu efeito, contra a doença em particular e os resultados foram muito promissores. Temos micro-organismos que mostraram reduzir a incidência e a severidade da gafa e também da tubérculos”.
Depois de a Comissão Europeia ter retirado do mercado grande parte dos pesticidas que ajudavam no combate destas doenças, por serem prejudiciais à saúde, a solução passou por criar produtos naturais. No entanto, a investigadora queixa-se que de nada vale encontrar produtos eficazes, se demoram muito para começarem a ser comercializados. “Isso é uma frustração para nós, que depende das nossas forças políticas, sobretudo a nível europeu, que tem uma legislação muito restritiva na homologação deste tipo de produtos. Para nós colocarmos este tipo de produtos no mercado demora anos, é um processo bastante moroso, muito burocrático e estamos a atravessar uma fase em que temos de ser mais rápidos, temos de acelerar este processo”.
Segundo Francisco Pavão, presidente da APPITAD- Associação dos Produtores em Protecção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro, estas doenças têm um grande impacto na produção de azeitona na região. “Já causam bastantes prejuízos na produção de azeitona. Portanto, são doenças graves para a nossa região, para o panorama olivícola nacional e também internacional. Nós temos soluções, soluções que já foram investigadas, já foram ensaiadas em campo, mas que, infelizmente, ainda não estão disponíveis por um conjunto enorme de burocracias associadas a isto”.
As doenças da oliveira foram discutidas no décimo Simpósio Nacional de Olivicultura que está a decorrer no Instituto Politécnico de Bragança. Nuno Rodrigues, investigador do IPB e da Associação Portuguesa de Horticultura, entidade organizadora, diz que o objectivo é promover a discussão para encontrar soluções. “Promover a inovação que tem sido feita, ao longo dos últimos anos, a nível de investigação, algumas empresas têm aqui produtos perante estas novas questões de alterações climáticas, que nós estamos vindo a sentir, então o objectivo é fomentar discussão, partilhar experiências, partilhar ideias, no sentido de, num futuro próximo, com base nesta experiência, conseguirmos resolver alguns problemas que vão surgindo ao longo desta caminhada”.
O décimo Simpósio Nacional de Olivicultura começou esta quarta-feira e decorre até hoje, abordando temáticas como as doenças da oliveira, tecnologia, gestão do olival e sustentabilidade.
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