Segundo o Jornal Nordeste, quatro pessoas que já trabalharam na CERCIMAC dizem que presenciaram maus-tratos físicos, psicológicos e verbais. As ex-funcionárias assumem que durante o tempo que ali estiveram presenciaram episódios de tortura a alguns utentes, actos praticados por parte de vários trabalhadores. “Eu vi bater, vi deitar um menino ao chão, com toda a força, e arrastá-lo e, depois, o funcionário, punha-se em cima do pescoço do menino e puxava-lhe os braços para trás. Há lá uma utente que, de noite, não pára e uma colega sentava-a na cama e puxava-lhe o cabelo e batia-lhe”, disse Cláudia Gouveia. “Havia colegas que batiam a utentes e havia pessoas que até o prato de cima da mesa tiravam aos utentes para fazer pressão. Cheguei a ver bater numa utente. Vi estaladas, beliscões e empurrões”, disse “Maria”. “Um dia, íamos almoçar, e uma menina começou a gritar e a bater com as mãos na mesa e um funcionário deu-lhe uma estalada tão grande que atirou com ela ao chão”, disse Isilda Afonso.
Cláudia Gouveia, trabalhou cerca de cinco anos na CERCIMAC. Era auxiliar de serviços gerais e foi despedida no Verão. Assume que, durante estes anos, presenciou vários maus-tratos e diz que eram praticados sobretudo pelos funcionários mais antigos na casa e, quase sempre, contra os mesmos utentes, nomeadamente os mais activos e que davam mais trabalho. “Uma menina autista saía da cadeira e uma colega, para ela não sair da cadeira, pisava-lhe os pés. Andava sempre com as unhas negras”.
Isilda Afonso esteve dois anos na CERCIMAC e saiu, por vontade própria, há vários anos. A ex-funcionária lamenta os maus-tratos que viu e disse que não aguentava mais presenciar a situação. “Todo o mundo via, até a própria direcção. Não diziam nada. Eu preferia estar, todo o dia, no monte, do que ir para ali. Não pelos utentes, que são pacíficos, mas a direcção é fraca”.
Luísa Garcia, uma das sócias fundadoras da CERCIMAC e sua presidente desde o começo, mais concretamente 2006, afirma que não há maus-tratos na instituição. “Não tenho conhecimento que existam, nem agora nem anteriormente, maus-tratos na instituição e sim, foram-me e são reportadas, em termos de funcionamento, situações, que são averiguadas até ao final”, disse Luísa Garcia. Questionada sobre o teor desses episódios, esclareceu que foram “algumas situações pontuais”. “Não consigo dar pormenores e há coisas que, neste momento, gostava de falar. Tinha muita coisa para dizer, se calhar, mas, neste momento estamos a atravessar um processo que, da parte da CERCIMAC, irá até às últimas consequências para que se apure toda a verdade. Gostava de referir, de nomear, e estamos aqui para isso mas não é a altura indicada. Não posso estar a nomear situações porque serão tratadas nos sítios certos e estamos a falar em processos judiciais”, clarificou.
A CERCIMAC acolhe 24 pessoas em lar residencial e 30 no Centro de Actividades e Capacitação para a Inclusão e conta com 36 colaboradores para estas duas respostas.
A GNR esclareceu ao Jornal Nordeste que tem registo de três denúncias de maus-tratos na CERCIMAC, tendo sido os factos “comunicados” ao Tribunal Judicial de Macedo de Cavaleiros.
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