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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 12 de outubro de 2024

O CEGO SICILIANO

Por: Humberto Pinho da Silva 
(colaborador do "Memórias...e outras coisas...")

De vez enquanto é sempre bom espairecer, lendo anedota ou engraçada historieta.
A que pretendo recontar, por palavras minhas, é de autoria do Padre Manuel Bernardes.
Havia antigamente na ilha da Sicília, na cidade de Agrigento, cego astuto e assaz inteligente, que sem se perder, deambulava pelos caminhos tortuosos da ilha.
Como era poupado, aforrara bastante, arrecadando preciosa quantia que ciosamente guardava entre a palha do enxergão.
No correr do tempo, uma dúvida se levantou:
Era cego e se ladrão a quadrilha de malfeitores, suspeitando o pecúlio – e sempre há suspeitas, – o extorquisse.
Após muito matutar, assentou que melhor seria enterrá-lo em bom recato.
Assim pensou, melhor o fez. Pela calada da madrugada, dissimulado pela ténue luz lunar, cavou profunda cova depositando o púcaro com o precioso dinheiro.
Mas, sentindo estranho ruído, pressentiu que o arteiro do vizinho o vigiava...
Na dúvida, manhã alta, procurou o "amigo", para lhe pedir Conselho:
- Ó vizinho! Faça-me o favor de me aconselhar! Enterrei em sítio azado, determinada quantia, que arrecadara, ainda tenho o restante, que escondi no judeu. Como sou cego, não lhe parece que melhor seria enterrá-lo junto do outro?
O "amigo" alegrou-se e aconselhou-o:
- Faz bem... muito bem. Sempre é mais garantido, do que tê-lo em casa.
Mas receoso, de ser descoberto, apressou-se a restituir o que retirara do panelo.
No dia seguinte, o cego, foi pelo despertar do dia, desenterrar, o púcaro, e com satisfação, verificou que o dinheiro estava lá.
Com forçado sorriso, virou-se para o lado onde supunha que o "amigo" estava observá-lo, e sustentando o panelo, disse-lhe levantando a voz:
- " Amigo: vejo mais eu, sendo cego. do que você com os dois olhos!... "


Humberto Pinho da Silva
nasceu em Vila Nova de Gaia, Portugal, a 13 de Novembro de 1944. Frequentou o liceu Alexandre Herculano e o ICP (actual, Instituto Superior de Contabilidade e Administração). Em 1964 publicou, no semanário diocesano de Bragança, o primeiro conto, apadrinhado pelo Prof. Doutor Videira Pires. Tem colaboração espalhada pela imprensa portuguesa, brasileira, alemã, argentina, canadiana e USA. Foi redactor do jornal: “NG” e é o coordenador do Blogue luso-brasileiro "PAZ".

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