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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2025

Vila Chã de Braciosa: Festa do Menino deu início ao Ano Novo

 No dia 1 de janeiro, a população de Vila Chã de Braciosa iniciou o novo ano com a celebração da Festa do Menino e o ritual da Velha, uma das tradicionais festas de solstício de inverno do concelho de Miranda do Douro.


O presidente da freguesia de Vila Chã de Braciosa, António Mamede, explicou que a Festa do Menino, com o ritual da Velha é uma das festas de solstício de inverno do concelho de Miranda do Douro.

“Inserido na festa cristã em honra do Menino Jesus, este antigo ritual de solstício de inverno distingue-se pela participação de três figuras mascaradas – a velha, o bailador e a bailadeira – que têm a missão de acompanhar os mordomos da festa, no peditório realizado pelas casas da aldeia”, explicou.

Graças ao empenho da população local, da freguesia e do município de Miranda do Douro, a Festa do Menino com o ritual da Velha, é considerada a festividade mais emblemática de Vila Chã de Braciosa.

“Para preservar e divulgar esta festa de solstício de inverno, procuramos participar em eventos regionais, nacionais e até internacionais, como as festas dos mascarados. E isso acaba por dar maior visibilidade a esta nossa tradição e atrai a vinda de visitantes e jornalistas, que aproveitam para passar o fim-de-ano na região”, disse.

O vice-presidente do município de Miranda do Douro, Nuno Rodrigues, destacou a cada vez maior afluência de público à Festa do Menino, em Vila Chã de Braciosa.

“Estou bem surpreendido por encontrar tantas pessoas, vindas de outras localidades do país, para conhecer as tradicionais festas de solstício de inverno do concelho de Miranda do Douro. Isto demonstra que a cultura é um importante fator de desenvolvimento local, pois consegue atrair gente para o nosso território, o que por conseguinte gera receitas para os vários setores de atividade do concelho”, disse.


Sobre o problema do despovoamento que assola as aldeias, Nuno Rodrigues, admitiu que é um desafio para a maioria dos concelhos do interior do país e que a solução passa por criar condições para a fixação dos jovens.

E por falar em jovens, Carlos Martins, foi o mordomo da Festa do Menino, em Vila Chã de Braciosa. O estudante universitário explicou que habitualmente, a mordomia é constituída por 1 rapaz e duas raparigas. No entanto, perante a falta de gente na aldeia e de raparigas voluntárias, a festa deste ano teve apenas um único mordomo.

“A missão dos mordomos é reunir um grupo de homens para cortar, recolher e transportar a lenha para fazer a fogueira do Menino. Às mulheres compete embelezar os altares da igreja matriz. E há ainda que contratar os gaiteiros e o grupo musical para animar o peditório e o baile ao final do dia”, indicou.

No dia 1 de janeiro, o peditório para a Festa do Menino iniciou-se às 8h30 da manhã, numa ronda pela aldeia. Esta volta serviu também para desejar um “feliz ano novo” à população. Em cada casa, a comitiva foi presenteada com um aperitivo (licor, figos secos, tremoços, chocolates) e em troca a mordomia ofereceu animação com a música dos gateiros e as danças das figuras mascaradas.

Ao início da tarde celebrou-se a Missa, na Igreja matriz, presidida pelo padre António Pires. Na homília, o sacerdote, indicou que neste primeiro dia do ano, a Igreja celebra a solenidade de Santa Maria Mãe de Deus.

“Em Vila Chã da Braciosa, celebra-se a Festa do Menino Jesus. E a solenidade de Maria, a Mãe de Deus, lembra que Maria existe para dar Jesus ao mundo! À semelhança dos pastores que foram apressadamente até Belém, queiramos nós também, neste novo ano, conhecer melhor o Deus Menino!”, exortou.

A missa concluiu-se com a tradicional procissão da imagem do Menino Jesus, à volta da igreja matriz. No final, houve baile no adro da igreja, com os casais da aldeia e as figuras mascaradas a dançar ao som dos gaiteiros.


A figura da "Velha" foi interpretada por José Joaquim Sebastião, que se distinguia pelo vestuário escuro, o rosto tisnado, um enorme terço pendurado ao pescoço feito de bugalhas com um cruz de cortiça queimada, usada para tisnar os mais distraídos. Numa das mãos, a Velha transportava ainda um pau com bexigas de porco, usado para afugentar os miúdos. Outro adereço, era a alforge carregada ao ombro para guardar as chouriças recebidas para a festa.

As outras duas figuras, também interpretadas por homens, o "Bailador" e a "Baladeira" vestiam trajes mais coloridos e tinham a missão de dançar durante o peditório, animado com a música do trio de gaiteiras (gaita-de-foles, caixa e bombo).

Na aldeia de Vila Chã da Braciosa, outro dos momentos mais aguardados na Festa do Menino, foi o acender da fogueira, a meio da tarde. A lenha foi recolhida pelos rapazes e homens da aldeia, um trabalho que serviu para reforçar a amizade e o espírito comunitário.


Abel Martins, com 82 anos, residente em Vila Chã de Braciosa contou que antigamente, quando a aldeia estava bem mais povoada, a Festa do Menino durava até ao dia de Reis, 6 de janeiro.

HA

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