Vinhais recria hoje uma tradição única no país. A morte e os Diabos voltam a sair à rua em plena Quarta-feira de Cinzas. Um ritual que se perde no tempo, como explica Roberto Afonso, vereador da cultura.
“Desde sempre, desde que há memória, há a tradição da Quarta-feira dc Cinzas com a morte. No final do século XIX foram introduzidas na tradição outras figuras:os diabos. Desde essa altura, por volta de 1890, até à actualidade, a morte faz-se acompanhar por diabos. Daí que esta tradição se chame Quarta-feira de Cinzas – Dia da Morte e dos Diabos”.
As ruas da Vila são invadidas por dezenas de populares vestidos de diabos. À tarde é recriado o assalto a uma casa de onde são raptadas raparigas. Depois de conduzidas pelo centro histórico, estas personagens rezam junto ao pelourinho. Há quatro anos que a Câmara Municipal de Vinhais reaviva esta tradição. Uma forma de muitos vinhaenses tirarem o traje de diabo da gaveta. “Há muita gente que tinha já há muitos anos os fatos guardados em gavetas.
Estes fatos são vermelhos, feitos de flanela. Nestes últimos anos tem-se recriado também um ritual de assalto a uma casa onde os diabos raptam raparigas, jovens indefesas, que são levadas à Pedra. A Pedra era um local no centro histórico onde, de joelhos, as raparigas raptadas deveriam dizer umas ladaínhas semi-pagãs”.
Já em Bragança, a Academia Ibérica da Máscara e do traje recupera esta tarde uma tradição semelhante, intitulada “A Morte, o Diabo e a Censura”, perdida há mais de dez anos.
Escrito por Brigantia (CIR)
in:brigantia.pt
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