O presidente da Câmara de Mirandela, António Branco, considerou nesta terça-feira difícil parar a barragem de Foz Tua e defendeu que o que se impõe agora é conjugar a obra com o Douro Património da Humanidade.
"A minha opinião é que, neste momento, me parece difícil que isso aconteça (a suspensão da barragem)" disse à Lusa o autarca social-democrata, vincando que agora "só faz sentido a palavra conjugar".
António Branco disse desconhecer a posição da UNESCO que, segundo noticia esta terça-feira o jornal ‘Público', prepara-se para fazer chegar ao Governo português uma recomendação para a paragem imediata das obras.
Mirandela, Vila Flor, Carrazeda de Ansiães, Alijó e Murça são os cinco municípios da área de influência da barragem e António Branco é o único dos autarcas para quem a barragem "não é a melhor solução".
Mais de um ano depois do início das obras, entende que nesta etapa todas as entidades envolvidas devem "trabalhar solidariamente" no cumprimento das regras e que, "neste momento, só faz sentido a palavra conjugar".
O autarca considerou que a UNESCO está a cumprir a sua missão na salvaguarda do Douro Património da Humanidade, mas ressalvou que "o grande impacto da obra está no paredão e no espelho de água", que não estão dentro da zona classificada.
Já as linhas de alta tensão e a central eléctrica encontram-se em pleno Património Mundial, sendo que esta última está a ser reformulada pelo arquitecto Souto Moura.
As alterações ao projecto vão custar à EDP dois milhões de euros e é delas que quer saber também a UNESCO, que irá exigir a Portugal que remeta ao Comité do Património Mundial um relatório sobre a revisão ou o reexame do projecto" e também "sobre o estado de conservação" da área classificada.
Esta exigência constará da proposta de decisão que a UNESCO irá discutir e votar no encontro anual da organização, em Junho.
As respostas do Governo português só serão analisadas no encontro do próximo ano, em 2013.
Em causa estão os impactos da barragem no Douro Património da Humanidade, para os quais a UNESCO já tinha alertado o Estado português, em agosto de 2011, na sequência do relatório elaborado por um grupo técnico, depois de uma queixa apresentada pelo Partido Ecologista Os Verdes.
Aquele organismo alertava, então, que a construção da barragem terá "um impacto irreversível e ameaça o valor excepcional universal [que é o fundamento da classificação"].
A EDP anunciou pouco tempo depois que estava a reformular o projecto da central eléctrica da barragem para enquadrar a obra no Douro Vinhateiro Património da Humanidade e criar mais um motivo de atracção e valorização.
in:correiodamanha
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