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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 22 de junho de 2015

A tomada de Souane aos mouros

Local: Pinheiro Novo, VINHAIS, BRAGANÇA

Senhores da vila de Souane davam os mouros amiudadas sortidas pelas terras circunvizinhas, causando aos cristãos prejuízos sem conta. Cansados estes de por tanto tempo sofrerem o jugo do invasor, resolveram organizar um pequeno núcleo de resistência, constituindo o centro das operações no Castelo de Pinheiro Novo, vulgarmente chamado Cidade de S.ta Rufina, na margem oposta do rio Rabaçal. A empresa era difícil, porque o Castro de Souane, além de ser guarnecido de fortes muralhas, tinha pelo sul a protecção das outras povoações de Lomba em posse dos mouros, especialmente Quiraz sua fundação, e pelo norte a encosta ingreme inçada de fraguêdos enormes até à margem do rio. 
 Por duas vezes o exército cristão escalou a encosta e poz cêrco à vila, mas debalde; os esculcas mouriscos depressa punham os habitantes em sobresalto, obrigando os cristãos a uma custosa retirada. 
 Vendo-se assim impossibilitados para nova investida recorreram à protecção do apóstolo Santiago. Fizeram preces durante oito dias... E, milagre extraordinário! na manhã do nono dia puderam ver numerosa cavalgada baixando dos montes do Pinheiro Novo. Há festa. Nessa noite o glorioso cabo de guerra mandou reunir todos os bois, vacas e cabras que havia nas aldeias vizinhas, e depois de colocar-lhes nos chifres archotes e faróis, marchou com o exército em direcção a Souane. A noite estava escura; já junto das muralhas, mandou acender os faróis, fazendo entrar o luzido exército para dentro do povoado; os mouros, desprevenidos, acordam em alta grita, encontrando a maior parte, em louca correria, a morte nas pontas dos animais enraivecidos e nas lanças dos infantes e dos cavaleiros fogosos. Souane foi arrazada. 
Os que puderam escapar, exteriorizaram o sentimento de perderem para sempre a afamada povoação, soltando dos outeiros distantes estes doridos queixumes: «Adeus, formosa vila de Souane! Nunca mais te tornaremos a ver! Que a maldição caia sôbre os cristãos!»

Fonte:MARTINS, Pe. Firmino Folklore do Concelho de Vinhais. Vol. 1

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