Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

sábado, 19 de julho de 2014

A insustentável utilidade da Linha do Tua

Daniel Conde
Há factos indesmentíveis que mostram por que a Linha do Tua é útil e sustentável.
No passado dia 8 de Julho deparei-me com um peculiar artigo de opinião , no Público, da autoria do arquitecto paisagista Henrique Pereira dos Santos. Nele, o colunista classificava a Linha do Tua de “inútil”, “insustentável” e que “não serve ninguém”, no mesmo artigo em que o próprio se considera um leigo em matéria ferroviária, e onde incentiva ao combate aos “preconceitos”, “antes de qualquer discussão de fundo”.

Para além das óbvias contradições explícitas no parágrafo supra, o arquitecto colunista  demonstra uma profunda ignorância sobre o que representa a Linha do Tua.  

À chegada à década de 1990, o movimento diário de mercadorias era de 500 senhas de  despachos até 20 quilos, 30 toneladas de mercadorias diversas e em média cerca de 70 toneladas  de adubo; são cinco camiões TIR num único comboio.

Em termos de passageiros, o brutal  desinvestimento aliado a horários que levavam trabalhadores e estudantes a chegarem depois  da hora de entrada e a partirem muito depois da hora de saída, levou a que numa década o  movimento passasse dos 500 mil para os 200 mil.  

Chegou o IP4, encerrou-se o troço Mirandela-Bragança na Noite do Roubo, alimentaram-se  empresas regionais rodoviárias de passageiros com contratos de prestação de serviços de  substituição do comboio, onde ao passageiro se cobrava a tarifa de comboio, mas à CP se  cobrava tarifa de autocarro (mais cara), negociou-se a venda de parte do material ferroso  passados poucos anos, e a Linha do Tua foi citada em escândalos como o “Carril Dourado” e o  “Face Oculta”, por furto e venda de carris.  

No último Verão de comboios Tua- Mirandela-Tua, em 2008, os 190 lugares disponíveis  esgotaram diversas vezes, logo à partida, com alguns casos de excursões a não poderem  embarcar no Tua. Em 2010, só nos 16 quilómetros de via disponíveis, o movimento foi de 70 mil  passageiros; são 14 vezes mais passageiros em um ano que o aeroporto de Beja em dois, e isto  falando de automotoras com o consumo de um autocarro, mas o dobro da capacidade de  passageiros.

Por fim, 2012 e 2013 foram anos consecutivos com contas a positivo para o  Metropolitano Ligeiro de Mirandela, que é mais do que se pode dizer dos metros de Lisboa ou  Porto, subsidiados pelo Estado.  

Estes são factos indesmentíveis, fruto não de preconceito e falta de conhecimento tácito,  ingredientes basilares do insulto gratuito.

Mas irei plus ultra: em Janeiro de 2013, foi requalificada uma via métrica gaulesa, que liga os  três municípios de Salbris, Romorantin, e Valençai, servindo um total de 25.210 habitantes, com  comboios a 70 km/h. A linha conecta-se com outra que se une em Tours a uma linha de Alta  Velocidade para Paris, e o investimento de 14 milhões de euros foi repartido pelas  correspondentes francesas às nossas CCDR, REFER e municípios. O projecto ganhou um prémio  de Inovação, e outro de Mobilidade.  

No eixo Mirandela-Bragança, a Linha do Tua serve três municípios com 74.967 habitantes, num  traçado para 60 a 70 km/h as it is. De Bragança à Sanábria, uma nova linha de 40 quilómetros ligaria  directamente a Linha do Tua à linha de Alta Velocidade Madrid-Corunha, deixando ambos os extremos a apenas duas horas de Bragança. Com a A4 fortemente portajada, um ano laboral de  deslocações entre Mirandela e Bragança ficará entre 2500 a 3000 euros mais caro do que indo  de comboio, comprando um passe.

Não compreendo que fontes o arquitecto colunista consultou – se consultou – antes de  classificar de forma tão leviana a Linha do Tua. As mesmas fontes que eu, certamente não foram. 

Daniel Conde é membro do Movimento Cívico pela Linha do Tua

Sem comentários:

Enviar um comentário