(o narrador: Sr. Agostinho Barreira) |
«Sabe o senhor professor que, naquele tempo im que tudo falava, como lhe contei já, im que falavam as árvores, os cavalos, os ratos..., havia dois potes que também falavam. Um era de ferro e o oitro de barro. Numa ocasião, incontraram-se e resolveram ser amigos. E às tantas quiseram ir pra uma festa juntos. Chigaram lá, ao de ferro apeteceu-lhe dançar. E diz pró de barro:
– E se dançássemos um corridinho?
– Olha q’eu num sei dançar – diz o de barro, – às tantas inda caio e aleijo-me!
– Num cais nada, qu’eu imparo-te – responde o oitro.
E lá foram intão pró baile. Só que, mal s’ajuntaram pra bailar, o pote de ferro acelarou-se de mais a dançar o corridinho e chocou c'o de barro. E ele, coitadinho, como era mais fraco, partiu-se.
E diz o de ferro:
– Intão num t’aguentastes? Olha, paciência, danço sozinho!
Estou qu'inda lá deve andar a dançar sozinho. Até que se acabe o baile…»
[Fonte: Agostinho Barreira (o tio “Agostinho das Cabras”, na foto), 79 anos, Ermelo]
(ap)
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