quinta-feira, 30 de maio de 2019

A MONDA DOS TRIGAIS

Quando a gente precisava de mondar os trigos, isto é, tirar-lhe toda a erva, chamavam- se mulheres para arrancá-la.
A dona do trigal já sabia que tinha que ir ver como corria o trabalho.
Cantavam todo o dia, conversavam e criticavam. Dava o tempo para tudo.
Mas elas, de vez em quando, olhavam para o caminho, e mal viam a dona chegar, começavam a cantar assim:


Que gente é aquela,
Que vem ao pendão?
É a menina fulaninha, (diziam o nome)
Com o seu batalhão.

Então faziam um raminho de florinhas que havia no trigal e entregavam à dona. Pois em troca se lhe entregava um pacote de rebuçados. Já há alguns anos que este trabalho foi substituído por curas e assim terminaram as mondas.

Mondai, mondai, mondadeiras!
Cantai as vossas canções,
Que se espalhem pelos ares,
Alegrando os corações.

RECOLHA (1985) de Judite Moreno, Sambade – Alfândega da Fé.

FICHA TÉCNICA:
Título: CANCIONEIRO TRANSMONTANO 2005
Autor do projecto: CHRYS CHRYSTELLO
Fotografia e design: LUÍS CANOTILHO
Pintura: HELENA CANOTILHO (capa e início dos capítulos)
Edição: SANTA CASA DA MISERICÓRDIA DE BRAGANÇA
Recolha de textos 2005: EDUARDO ALVES E SANDRA ROCHA
Recolha de textos 1985: BELARMINO AUGUSTO AFONSO
Na edição de 1985: ilustrações de José Amaro
Edição de 1985: DELEGAÇÃO DA JUNTA CENTRAL DAS CASAS DO POVO DE
BRAGANÇA, ELEUTÉRIO ALVES e NARCISO GOMES
Transcrição musical 1985: ALBERTO ANÍBAL FERREIRA
Iimpressão e acabamento: ROCHA ARTES GRÁFICAS, V. N. GAIA

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