sexta-feira, 31 de maio de 2019

Alunos brasileiros do IPB protestam por causa de cortes para a educação anunciados por governo de Bolsonaro

A medida deverá reduzir o número de estudantes daquele país no IPB, em que há actualmente mais de 600 alunos em mobilidade provenientes do Brasil.
Os alunos brasileiros do Instituto Politécnico de Bragança protestaram, ontem, contra os cortes anunciados. Marcus Mota, aluno de mestrado, desde Fevereiro em Bragança, afirma que há já institutos e universidades que estão a acabar com os programas de mobilidade. "Bragança será afectada pelos cortes na educação. Os cortes de 30% do orçamento dão um impacto negativo e esse impacto fará com que menos alunos venham estudar por mobilidade através de bolsas do governo federal. Serão menos alunos em Bragança, menos receita também, e vai dar um impacto negativo. A minha instituição já anunciou que não vai trazer mais ninguém para cá. Outras instituições estão a aderir a este pacote de cortes porque são obrigados pelo governo".

O corte deve afectar em particular as bolsas. Por isso, Gabriela Ribeiro, outra estudante brasileira em Bragança, teme que apenas uma pequena franja de alunos com mais possibilidades económicas passe a conseguir fazer mobilidade. "Mesmo com a vinda de alguns brasileiros para cá, o que vamos observar é a eletização e a mudança do perfil sócio-económico dos brasileiros que estão aqui. Se hoje já temos uma elite, uma classe média presente em Bragança, a tendência é isso aumentar. A oportunidade dos alunos brasileiros que mais carecem do acesso à educação já é difícil, então nem conseguimos pensar numa oportunidade de internacionalização".

Cerca de 30 estudantes brasileiros quiseram manifestar o seu descontentamento com os cortes de 30% na educação no Brasil, que põem em causa várias instituições. "Dificultam o funcionamento das universidades e dos institutos de educação. Com isso, muitos institutos vão fechar portas. Tivemos um caso de um hospital universitário que teve 100% do corte e ele agora não consegue funcionar", reportou ainda Gabriela Ribeiro. "A nossa luta também é pela existência das universidades. Eu também venho de um Centro Federal de Educação Tecnológica, que são instituições centenárias no Brasil, e as instituições estão em risco de existência. O meu centro também já lançou uma nota a dar conta que a partir do próximo ano não tem verba para continuar a existir", contou Marcus Mota.

No designado Dia Nacional de Mobilização em Defesa da  Educação, em que no Brasil milhares saíram à rua para contestar os cortes do governo neste sector, Bragança juntou a voz aos protestos contra a medida, que levará à diminuição do número de estudantes na cidade.

Escrito por Brigantia
Jornalista: Olga Telo Cordeiro

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