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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 7 de maio de 2019

O LEGADO HUMANISTA DO CIDADÃO ARTUR PIMENTEL

O mundo ainda tentava refazer-se da tragédia que fora a II Guerra Mundial quando Artur cá chegou, para uma vida que terminou, inesperadamente, quase 74 anos depois, numa cama dos serviços de urgência do hospital de Bragança.

O menino Arturinho nascera numa família da burguesia rural com peso social, económico e político em Vila Flor, onde o seu pai, médico, cuja memória prevalece entre o povo, presidiu à câmara municipal antes da mudança de regime ocorrida em 1974. Veio a licenciar-se em Direito, depois de uma passagem pela Escola do Magistério Primário de Bragança.

O serviço militar, como oficial, levou-o até à Guiné, o nosso inferno dos tempos do fim do império, experiência que enquadrou numa sólida cidadania pragmática, orientada por princípios e ideais que cultivou até ao fim, sem fascínios de aventura, mas sempre distante da acomodação à fatalidade de um destino lúgubre para esta sua e nossa terra.

Assumiu responsabilidades da administração do Estado no distrito, nos sectores da segurança social e da saúde. Ainda foi chamado a Lisboa, para dirigir o hospital D. Estefânia, mas quis voltar para se candidatar à câmara da sua Vila Flor.

Durante 20 anos conduziu os destinos do concelho, promovendo o diálogo com as forças da oposição e movendo-se junto do poder central com persistência e firmeza, assumindo rupturas quando considerou inevitável.

A parcimónia na utilização dos recursos públicos granjeou-lhe respeito generalizado e era fácil ouvir falar de um presidente da câmara pouco dado a espalhafatos para patego ver. Nesses vinte anos a vila ficou com estruturas culturais marcantes, renovou património religioso e deu passos importantes para o crescimento das produções agrícolas e da comercialização de produtos de qualidade, reconhecida no país e no estrangeiro.

A simplicidade e franqueza com que lidava com os conterrâneos garantiram-lhe repetidas vitórias eleitorais. Gostava de ouvir e abraçar as pessoas, partilhar lágrimas e dores, falar com elas no largo da aldeia, na praça da vila, à mesa do café ou nos Paços do Concelho, sem altivez, sempre com os sentimentos à flor da pele. Quando, em 2013, deixou a presidência da câmara, aceitou presidir à Assembleia Municipal, com igual empenho.

Nestes tempos de expansão das redes sociais, Artur Pimentel, um cidadão da sua terra, deste país e do mundo, não se alheou das novas possibilidades de intervenção no espaço público, deixando contributos importantes, partilhando reflexões profundas sobre a condição humana, nesta e em todas as geografias.

Vila Flor viu partir um filho que lhe foi dedicado como poucos e a região ficou sem um homem que viveu a política com nobreza e a encarou sempre como a conceberam os pensadores clássicos: um serviço aos outros, sem esperar honrarias, recompensas ou privilégios. Dele nunca se sussurraram dúvidas quanto à honestidade, ninguém lhe detectou proveitos ilegítimos da actividade política, nem se permitiu pôr em causa a autenticidade do que dizia.

O futuro merece que não deixemos desvanecer a memória de Artur Pimentel.

Teófilo Vaz
in:jornalnordeste.com

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