Iniciativa inclui vasta programação cultural. Yamma Ensem, de Israel, tocam a 22 de junho. Foto: Zohar Ron/DR |
"A identidade judaica implica isso de andar sempre de um lado para o outro, de ter sempre a vida em perigo", referiu Paulo Mendes Pinto, coordenador da Cátedra de Estudos Sefarditas da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, durante a apresentação do evento, ontem, no Memorial e Centro de Documentação, em Bragança.
O congresso tem como tema forte a 'Diáspora, Identidade e Globalização'. "Fazemos a ligação à atualidade, porque o próprio judaísmo hoje ainda é muito essa diáspora. No século XX foi-o, com a II Guerra Mundial, mas hoje continua a sê-lo. A atualidade é de diásporas, fugas perseguições. Neste tema queremos trazer não só a memória da diáspora portuguesa mais antiga mas ajudar a pensar a inevitabilidade de nos confrontarmos com a fuga, a identidade em perigo e ter que a esconder", revelou Paulo Mendes Pinto, que lembrou que é difícil compreender o mundo sem a dimensão de diáspora com uma população gigantesca em mobilidade, "umas por vontade própria outras obrigados, em fuga".
Outra novidade prende-se com a integração do Fórum Económico Sefardita, que vai ser integrado no congresso, em Bragança, que vai pôr a conversar gente ligada ao turismo, ao investimento. "Para nos ajudar a pensar de que maneira é que este pensar as memória judaica e este reencontrar da memória pode ser mais do que uma nostalgia, mais do que uma lágrima ao canto do olho, pode ser algo que traga algo de significativo às populações", acrescentou Paulo Mendes Pinto. A ideia é encontrar formas para que os descendentes dos judeus não venham só de férias mas que invistam em Portugal e se fixem.
O presidente da Rede de Judiarias de Portugal e autarca de Belmonte, destacou que 30 mil pessoas, descendentes de judeus portugueses, radicadas em vários países pediram nacionalidade portuguesa. "Se esses trouxerem mais é muita gente em termos turísticos", afirmou António Rocha, destacando que esta gente está predisposta a recuperar a memória.
Vai ainda realizar-se um encontro de historiadores regionais e locais. "Para além dos académicos de renome, para pensar o momento temos que ouvir quem está mais próximo, no terreno, porque está inserido na comunidade atual",afirmou Paulo Mendes Pinto.
O autarca de Bragança, Hernâni Dias, deu conta que espera "ainda mais gente a participar do que na primeira edição, que foi um sucesso, para que se aproximem do território", salientando que daqui podem sair outras parcerias ou até investimentos no futuro. "Pode servir para criar uma rede e captar mais pessoas para o nosso concelho", acrescentou o autarca.
O Encontro conta ainda com um vasto programa cultural, com exposições, por exemplo a do artista Zadock Ben-David, no Centro de Arte Contemporânea, concertos de musica sefartita e hebraica, com artistas lusos - espanhóis. Cinema judaico e um mercado Kosher.
Jornal de Notícias
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