Ao que se conseguiu apurar, a suspensão de algumas pensões deu-se porque os documentos enviados pelos portugueses não chegavam dentro do prazo limite a cada uma das instituições responsáveis.
Almira Fernandes e Belmiro Rodrigues, são naturais de Veigas de Quintanilha, em Bragança. Segundo conta a mulher, o marido está há mais de um ano sem receber uma das reformas. Almira explica ainda que sempre mandaram as ditas provas de vida mas que as reformas foram cortadas. Em Janeiro foram-lhe solicitados os documentos mas, apesar de já os terem mandado, o dinheiro continua sem aparecer. “Ele foi ao Registo Civil. Ainda demorámos quase 15 dias, porque foi preciso marcar, para pedir uma certidão de nascimento. Enviamos essa mesma certidão, uma prova de vida assinada pela União de Freguesias da Sé, Santa Maria e Meixedo, tudo que nos pediram. Dali a oito dias recebemos o aviso de recepção, percebendo que tinham recebido os documentos. Já lá vão cinco meses e nada. Não temos resposta”.
O casal esteve 17 anos emigrado na França e Almira Fernandes diz ter receio que também lhe cortem a reforma. “ Ao meu marido, já fez um ano em Fevereiro que lhe cortaram a complementar e faz um ano em Julho que lhe cortaram a normal. Se não fosse eu ter a minha reforma estávamos a passar fome. Se cortam a minha, de um momento para o outro, tenho que ir a pedir. Estou medo que isso aconteça”.
Irene Fernandes, natural de Quintanilha, também teve os mesmos problemas mas já está tudo resolvido. Esteve cinco meses sem receber a reforma mas garante que as provas de vida foram mandadas a tempo, à semelhança do que sempre aconteceu. “Estive uma temporada sem receber. Acho que os papéis não estavam como deve ser porque fui dada como morta. Depois recebi uns papéis a pedir que entregasse uma prova de vida. Ainda estive um tempo à espera, até porque com o confinamento muita coisa fechou. Levou tempo e o dinheiro é preciso para sobreviver”.
A ex-emigrante espera que o problema não se repita até porque diz não ter tido culpa que os documentos não fossem processados a tempo pelas entidades francesas. “Foi tudo mandado a tempo e dei-me conta que não recebia a reforma. Mas não fui só eu. Há muita gente nesta situação”.
Fátima Fernandes é a responsável pela empresa de contabilidade que ajuda estes reformados a resolver os problemas com as aposentações. Segundo conta, tem mais de 820 clientes e há perto de 40% que estão os estiveram com este problema que surgiu há dois anos. “As pensões eram tratadas com a referida caixa responsável. De há dois anos para cá criaram um centro de tratamento, que era responsável por fazer o estudo de cada processo e depois enviar para as devidas instituições responsáveis. Mas nós temos clientes que, por vezes, beneficiam de três aposentadorias do estrangeiro, e o que acontece é que esse centro de tratamento, por excesso de trabalho, começou a deixar de cumprir com os prazos no envio da documentação. Começou a haver problemas e suspensões da aposentadorias porque os documentos não chegavam dentro do prazo limite a cada uma das instituições responsáveis”.
Um problema que tem deixado os reformados sem dinheiro e que até lhe tem trazido custos adicionais desnecessários. “Temos clientes que já tiveram que tiram certidões de nascimento por duas vezes, cada uma custa 20 euros, são cartas registadas com aviso de recepção, que, muitas vezes, ultrapassam os dez euros a unidade, assim como custos com honorários da empresa, deslocações dos clientes que vêm de aldeias próximas ou não próximas de Bragança, já que eu tenho clientes de vários pontos de outros concelhos”.
Neste momento, 18% dos clientes de Fátima Fernandes têm já as pensões restabelecidas.
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