Esta edição é dedicada à peregrinação a pé pelos caminhos de Santiago, pois quem viveu esta aventura foram dois filhos da nossa tia Alicinha de Cidões, Vinhais, o Normando, o Luís e uma cunhada. Falei com o Luís Castanheira e convidei-o a dar-nos testemunho do seu caminho a Santiago, disse-nos que nem um livro inteiro chegava para testemunhar tão magnífica vivência.
Já há muitos anos que aprecio, de forma extraordinária, o amor e a dedicação destes filhos e desta mãe, que assim continuem por muitos anos.
Nestes últimos dias estiveram de parabéns; Maria da Glória (101) Estrada (Alijó); Francisco Pinto (98) Lampaça (Valpaços); Mário Geraldes (85) Parada (Bragança); Joaquim Teixeira (82) Fradizela (Mirandela); Ilídio Galego (74) Vimioso; Denérida Fernandes (70) São Julião (Bragança); Gina Morais (56) Milhão (Bragança); Dulce Rodrigues (50) Cicouro (Miranda do Douro); David Cepeda (43) Salselas (Macedo de Cavaleiros); Pedro Santos (42) Murça; Cátia Borges (33) Grijó (Bragança); Sara Gabriel (28) Cernadela (Macedo de Cavaleiros). A todos muitas felicidades e mais anos de vida.
De 16 a 24 de Agosto, eu e mais dois peregrinos fizemos, a pé, o caminho de Santiago de Compostela, variante da Via da Prata, desde Vinhais, num total de 250km, com temperaturas elevadas a passar os trinta graus . Depois de decididíssimos a fazer o caminho, começou a preparação. Principiámos por fazer caminhadas e recolher informação. Foi muito importante o testemunho de outros peregrinos que já fizeram o caminho – um especial agradecimento ao meu amigo Belmiro Vilela, um “expert” na matéria, que já vai na sua 19ª caminhada - pelos excelentes conselhos. Preparámos o material necessário para a peregrinação: credencial, mochila, roupa, calçado, material de primeiros socorros, etc.
A 1.ª etapa foi de Vinhais a Segirei (25km), já no concelho de Chaves. Foi a etapa com a subida mais difícil do caminho, com paisagens deslumbrantes e com o caminho mais bem sinalizado. A 2ª etapa foi de Segirei à cidade de Verin (28km). Foi complicada a subida inicial de 10 km e a descida final, sempre por estrada pavimentada. Fomos compensados pelo polvo à galega, que almoçámos à chegada, e pelo excelente Albergue Público de Verin numa casa brasonada. Depois do cansaço dos dois dias iniciais, a 3ª etapa foi para nós um passeio! Apenas 20km de Verin a Laza, sempre ao lado do rio Tâmega, serpenteando várias aldeias típicas e muito bonitas. O café espanhol cada vez ganhava mais qualidade! O 4º dia foi de Laza a Xunqueira de Âmbia (35km). Esta, uma etapa fascinante, com paisagens fantásticas, caminhos da idade média, subidas longas e acentuadas e retas sem fim. Destaco o bar típico das conchas do nosso amigo Luís Sande em Albergaria. A 5.ª etapa foi de Xunqueira de Âmbia a Orense (24km), foi fácil e com paisagens de tirar o fôlego. Neste dia fomos surpreendidos com a visita da família que nos esperava em Ourense, com quem almoçámos e passámos a tarde. O 6º dia foi de Orense a Cea (26km). Depois de passarmos a ponte romana de Orense, virámos à direita pelo caminho real, por uma subida íngreme, que nos leva a um miradouro da cidade de Orense. Caminhámos em calçada romana e em caminhos com trilhos e paisagens incríveis. O 7º dia foi de Cea a Silleda (35km). Foi mais uma etapa longa, com uma subida inicial muito difícil, debaixo de um sol escaldante. Compensou com os caminhos primitivos e paisagens deslumbrantes. O 8.º dia foi de Silleda a Doseiro (33km), onde ficámos no melhor albergue do caminho – Albergue “Reina Lupa”, da nossa amiga “Carmiño”, que foi uma excelente hospitaleira. O 9º dia foi de Doseiro a Santiago de Compostela (11km).
Porque queríamos chegar cedo e descansados a Santiago de Compostela, a última etapa foi pequena. Entrámos na praça do Obradoiro, em frente à Catedral de Santiago de Compostela, quando eram 9h. Ficámos com tempo para tratar da Compostela, estar com a família, que nos fez nova surpresa à chegada e assistir à missa do peregrino. A rotina desta peregrinação era acordar às 6:15h, tomar o pequeno almoço e iniciar a caminhada às 7:00h. A oração do peregrino que fazíamos reconfortava-nos. Fazíamos as paragens que entendíamos, em cafés das localidades, em fontes, miradouros, rios, à sombra de árvores seculares ou observar paisagens. As pessoas que encontrávamos diziam-nos sempre “Bom caminho”. O descanso no albergue à chegada era essencial para recuperar do esforço e preparar o dia seguinte. Fizemos esta caminhada, não só porque somos religiosos, temos fé, para renovar as nossas energias, uma viagem ao nosso interior, reflexão, autoanálise e determinação, sempre alegres e bem-dispostos e sem qualquer lesão. Por isto tudo, fomos abençoados no caminho por Santiago, sempre nosso companheiro e guia nesta peregrinação.
Faz o teu caminho! Bom Caminho! ULTREIA! ULTREIA! ULTREIA!
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