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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 28 de setembro de 2021

OS ALGORITMOS

Por: José Mário Leite
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Recentemente, no tampo da minha secretária, estava um pedido de autorização para a aquisição de um sofisticado software para o aumento de capacidade de processamento do equipamento instalado no Laboratório de “Machine Learning” da Fundação Champalimaud. O quarto lugar no ranking mundial das instituições sem fins lucrativos, na área da Inteligência Artificial exige um investimento contínuo e ao mais alto nível. Obviamente que a classificação atribuída pela prestigiadíssima revista científica Nature, enche de orgulho todos os portugueses, bem como todos os colaboradores da Champalimaud, especialmente toda a Unidade de Investigação.
Os resultados obtidos por instituições de investigação independentes, nesta área, são também motivo de alguma tranquilidade numa área que, devido à sua expansão e existência consistente em variadas áreas da vida contemporânea, não deixa de originar algumas preocupações. Muito mais do que imaginamos é já analisado, classificado e até decidido, com base em algoritmos residentes em supercomputadores. 
Foi notícia, o papel destas ferramentas informáticas no processo de despedimentos da TAP e isso tem de ser motivo de preocupação e reflexão. Porque este uso não está ainda regulado e, o estado da arte, atual, sendo já muito evoluído, tanto que tem enormes capacidades de processamento e elaboração, não o é, suficientemente, para estar, garantidamente, imune a erros grosseiros e perigosos. Um algoritmo é, na prática, um conjunto de instruções predefinidas que permitem chegar a um determinado resultado. São usados desde os primórdios da computação pois são a base da operação dos sistemas informáticos. 
Os recentes desenvolvimentos de software e a abundância de enormes bases de dados vieram permitir que a própria máquina não se limitasse a seguir um guião totalmente definido, mas pudesse aprender, imitando o comportamento humano, analisando milhões de casos documentados nas gigantescas memórias digitais. 
Mas, a aprendizagem por comparação, sendo um salto enormíssimo neste processo não garante, ainda, uma confiabilidade elevada. 
Os exemplos multiplicam-se existindo até uma página de internet dedicada aos fracassos. Um dos casos relatados trata da identificação de maçãs, por um programa de computador. O algoritmo é alimentado com milhões de fotografias de belas e diversas maçãs vermelhas e também de vários milhares de imagens de outros frutos. A máquina aprende e identifica todas as maçãs vermelhas mas, quando lhe é apresentada uma maçã verde... classifica-a como pera, por causa da cor! Contudo, a Inteligência Artificial é já usada no dia a dia, sendo o exemplo mais corrente o reconhecimento facial de alguns “smart-phones”. Mas é também uma ferramenta de trabalho em Bancos, Companhias de Seguro e Empresas de Seleção e Recrutamento. Nada nem ninguém obriga essas instituições a assegurarem a fiabilidade de tais processos, nem sequer a informar os utentes do seu uso e qual o grau de envolvimento na decisão final. Esta utilização discricionária, por empresas privadas, cujo objetivo principal é o lucro, é assustadora pelas consequências sociais que pode acarretar. Mas se o objetivo, para além do sucesso comercial e financeiro for político, pode ser ainda pior. 
Para agravar os receios desta situação, notícias recentes garantem que a China lidera a investigação nesta área bem como o seu uso pelo estado ou companhias controladas pelo poder público, o que é, mais ou menos o mesmo. Ora se o aproveitamento destas tecnologias pelos agentes do mercado pode e deve causar preocupação, se estiverem ao serviço de poderes políticos opacos e com pouco escrutínio público, devem ser motivo de inquietante temor.

José Mário Leite
, Nasceu na Junqueira da Vilariça, Torre de Moncorvo, estudou em Bragança e no Porto e casou em Brunhoso, Mogadouro.
Colaborador regular de jornais e revistas do nordeste, (Voz do Nordeste, Mensageiro de Bragança, MAS, Nordeste e CEPIHS) publicou Cravo na Boca (Teatro), Pedra Flor (Poesia) e A Morte de Germano Trancoso (Romance) tendo sido coautor nas seguintes antologias; Terra de Duas Línguas I e II; 40 Poetas Transmontanos de Hoje; Liderança, Desenvolvimento Empresarial; Gestão de Talentos (a editar brevemente).
Foi Administrador Delegado da Associação de Municípios da Terra Quente Transmontana, vereador na Câmara e Presidente da Assembleia Municipal de Torre de Moncorvo.
Foi vice-presidente da Academia de Letras de Trás-os-Montes.
É Diretor-Adjunto na Fundação Calouste Gulbenkian, Gestor de Ciência e Consultor do Conselho de Administração na Fundação Champalimaud.
É membro da Direção do PEN Clube Português.

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