A iniciativa aconteceu em Miranda, pela segunda vez, e centrou-se, essencialmente, no património cultural comum.
Alcides Meirinhos foi um dos oradores. O investigador, natural de Miranda, é o responsável por se terem trazido, de novo, à luz do dia, os pendões. Estas bandeiras eram usadas em cerimónias civis, religiosas e militares e ostentavam-se em todo o Reino de Leão, do qual a Terra de Miranda fazia parte. Alcides Meirinhos começou o trabalho de recuperação em 2014, quando foi convidado a integrar a Associação da Língua e Cultura Mirandesa.
“A identidade é agarrarmo-nos às senhas e marcas que nos identificam. Não nos podemos esquecer que fomos leoneses. Com a delimitação de fronteiras, deixámos de pertencer ao Reino de Leão, mas as raízes estão cá. Enche-me de “proa” preservar a identidade. Quem não sente história fica sem identidade”, afirmou.
Artur Nunes, presidente da câmara de Miranda do Douro, prestes a terminar o último mandato, salientou que ao longo destes 12 anos as relações entre os dois povos se fortaleceram.
“Temos que viver uns com os outros, esta irmandade não se pode negar pois há problemas e necessidades comuns”, referiu. “Se as pessoas, que cada vez mais nos visitam à procura de autenticidade, perceberem que há pontos culturais comuns, vão passar cá mais dias e ter interesse em visitar os dois lados da fronteira”, vincou ainda.
Os Encontros Raianos são promovidos pelo Flumen Durius, um projecto de cooperação transfronteiriça, criado para valorizar o potencial natural existente entre Espanha e Portugal, o rio Douro. Mário Correia, mentor do Flumen Durius, frisou que não é possível que estes dois povos estejam separados. O fecho de fronteiras, imposto pela pandemia, mostrou o que já se sabia: “os povos não vivem um sem o outro”.
Os Encontros Raianos servem para criar uma dinâmica de regularidade de contacto entre pessoas que, de um e de outro lado da raia, fazem trabalho de investigação sobre as identidades comuns, assim como os problemas e desafios.
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