Número total de visualizações do Blogue

Pesquisar neste blogue

Aderir a este Blogue

Sobre o Blogue

SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

…quase poema…ou da beleza

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

- Pronto! Está bem… já pedi desculpa!

Isto de gerir as sensibilidades dum quintal onde coabitam uma infinidade de espécies, tem que se lhe diga!
Eu sei que ultimamente toda a minha atenção e afeto têm sido para as rosas, pois são elas que se impõem pela exuberância e beleza no pequeno universo do quintal....
Mas há pouco reparei que as pequenas cerejas, peras, maçãs, uvas, pêssegos e até as delicadas alfaces me olhavam de lado e no seu pequeno coração de fruto e no seu pequeno coração de legume pensavam baixinho:
- Pois é… só há atenção para as rosas porque são bonitas! 
E amuadas queixavam-se dum, ou outro pulgão que andava por perto comendo regalado as folhas mais tenras.
Ora, como no quintal não se usam pesticidas, nem inseticidas por causa das joaninhas e até do sapo que lá andam na sua faina de jardineiros, toca de pulverizar as folhas mais atacadas com água com sabão e a bicharada menor lá foi embora, ficando só os que bastem para alimento das joaninhas e do sapo.
- Pronto, já está tudo bem… pronto, já pedi desculpa!
Com vergonha, não disseram nada… mas eu sei que em breve as cerejas, os pêssegos, as maças, as peras, as uvas e mesmo as alfaces terão o coração cheio de sol e de doçura e hão de cheirar a frutos maduros e a legumes frescos! E nesse tempo já não haverá rosas e somente diremos que alfaces tão tenras… que frutos tão doces… que cores tão bonitas!
Pois é!... vivemos muito depressa… olhamos para a beleza… só pela beleza e não somos capazes de adivinhar o belo e a doçura que não se vê, mas habita no coração humilde dos pequenos frutos, dos frescos legumes que esperam, pacientemente, pelas longas tarde de sol.
…e a beleza é tão efémera.

Fernando Calado
nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.


Sem comentários:

Enviar um comentário