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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

Riodonorês e guadramilês: línguas ancestrais condenadas à morte

 Em Bragança existem o riodonorês e o guadramilês, que juntam vocábulos portugueses e espanhóis da região de Leão.

Deolinda do Campo (à direita) troca palavras de riodonorês com a vizinha Maria Luísa (esquerda) Foto: Glória Lopes/JN

Há duas línguas minoritárias à beira de desaparecer em Portugal, porque já são faladas por poucos idosos. Trata-se do riodonorês e do guadramilês, uma de Rio de Onor e outra de Guadramil, ambas em Bragança. O barranquenho está no mesmo patamar mas ainda não corre o mesmo risco de extinção, já que é ainda falado por mais de 1300 pessoas.

São microlínguas sem reconhecimento oficial, que praticamente são só faladas por meia dúzia de pessoas. "São pouquíssimos falantes, muito idosos. Se nada for feito, essas línguas em extinção morrerão em muito poucos anos". Essa é a convicção de João Veloso, professor e linguista, pró-reitor da Universidade do Porto, que acredita que, se não houver uma intervenção urgente para resgatar o seu conhecimento, vão morrer. "Há muita urgência em fazer um esforço para preservar e registá-las ou desaparecem", garante.

A primeira intervenção deveria passar pelo registo em áudio das pessoas que ainda as falam. "Para fazer um acervo para memória futura e depois passar à sua promoção", acrescenta o linguista, que considera "lamentável" a situação a que chegaram. Faltaram-lhes as condições políticas, económicas e o empenho de várias pessoas, como teve o mirandês (ver caixa).

BASE NO LEONÊS

Ambas são sobreviventes do antigo leonês (no qual o mirandês também tem raízes). O investigador sublinha que o riodonorês e o guadramilês reúnem todas as condições para serem consideradas línguas em extinção. "São faladas por um pequeno grupo, os mais novos não a conhecem e não têm prestígio social", descreve João Veloso, lamentando que "em Portugal não se vejam as línguas como património".

A União das Freguesias de Aveleda e Rio de Onor introduziu a preservação das duas línguas na candidatura para a criação de uma Rota dos Moinhos e Lameiros, um projeto para promover o turismo.

Em Guadramil vivem 17 pessoas, só uma domina o guadramilês. Rio de Onor tem cerca de 60 habitantes, falantes do dialeto com fluência serão menos de dez.

DAS ÚLTIMAS GUARDIÃS

Deolinda do Campo, 92 anos, é uma das últimas guardiãs do riodonorês. Fala com fluência a língua que aprendeu primeiro do que o português. Cada vez tem menos com quem conversar, porque os velhos vão morrendo ou estão em lares. "Aprendi em casa. Na escola só falávamos português", recorda a mulher que tem apenas a segunda classe e sempre foi trilingue: riodonorês, português e espanhol.

Outro falante, "ti" Mariano Preto, levou para o lar, em Bragança, as memórias de Rio de Onor e o seu modo de falar. Põe o dedo na ferida. "O riodonorês está registado em livro, esse trabalho foi feito por Jorge Dias [etnólogo que viveu um ano em Rio de Onor nos anos 1950], só o deixam perder se quiserem", salienta o idoso, que já passou os 90 anos.

EXEMPLO

Mirandês deu passos seguros e não está em perigo

Reconhecido como segunda língua oficial de Portugal em 1999 pela Assembleia da República, o mirandês sobreviveu centenas de anos no isolamento, mas atualmente o seu ensino está consolidado nas escolas de Miranda do Douro como disciplina opcional. Começou a ser lecionada no ano letivo de 1986/87. Desde 2009 que a língua é ensinada do pré-escolar até ao Ensino Secundário. O presidente da Câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes, espera que com a assinatura da Carta Europeia de Línguas Regionais e Minoritárias do Conselho da Europa pelo Ministério dos Negócios Estrangeiros, no passado dia 8, o mirandês dê mais passos na sua "consolidação e preservação". O documento serve para proteger e promover as línguas regionais e minoritárias históricas da Europa, mantendo e desenvolvendo a herança e tradições culturais europeias, respeitando o direito inalienável e comummente reconhecido de uso das línguas regionais e minoritárias na vida pública e na esfera privada. O Município e a Associaçon de la Lhéngua i Cultura Mirandesa desenvolveram uma lista de compromissos a cumprir decorrentes da adesão à carta. Foram investidos 25 mil euros para desenvolver o trabalho.

SAIBA MAIS

Minderico

Tem 23 falantes fluentes e 150 ativos e cerca de mil passivos (entendem mas não falam) este antigo código secreto usado por comerciantes em Minde, freguesia de Alcanena.

Barranquenho

A Assembleia da República aprovou um projeto de lei no passado dia 17 para proteção e valorização do barranquenho, considerada uma língua de transição ou híbrida, sem tradição escrita, não reconhecida oficialmente.

Glória Lopes

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