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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

quinta-feira, 30 de setembro de 2021

A democracia funcionou

 As eleições autárquicas são mais uma prova de que a democracia, não obstante todos os seus vícios, defeitos e erros, funciona melhor do que qualquer ditadura, seja ela civil, militar, teocrática ou republicana.
Não é preciso ser formado em Ciência Política para perceber que a discussão dos assuntos da polis podem colocar-se em 2 planos distintos: a Administração Central e a Administração Local. Quanto à primeira, a discussão pode ser feita a 4 níveis diferentes: o regime político, o sistema económico, o programa de governo, a medida X, Y ou Z do ministério A, B ou C.
Em termos de regime político, podemos optar pela monarquia ou pela república, pela democracia ou pela ditadura. Um regime político para se poder considerar democrático tem que resultar do voto popular e não da vontade de qualquer grupo oportunista que diz dispensar as eleições com desculpas esfarrapadas sem qualquer fundamentação objetiva, como acontece com os salazaristas e com os marxistas. Os primeiros invocam a vontade Deus, enquanto que os segundos se autoproclamam “vanguarda esclarecida”, relegando para o limbo da estupidez todos os que se lhe opõem.
Ao nível do sistema económico, deparamo-nos com 3 teorias diferentes: o marxismo, com a sua teoria da coletivização da propriedade, que vê na propriedade privada a origem de todos os conflitos sociais; o liberalismo duma Direita ressabiada com o Estado que lhes oferece as infraestruturas para as suas empresas funcionarem, mas que lhes cobra impostos e impõe regras de funcionamento, que eles não querem respeitar; e, finalmente, o socialismo democrático ou social-democracia que aposta na concorrência entre privados e entre privados e o Estado, ao mesmo tempo que impõe regras para evitar as hecatombes do tipo de crise de 2008, em que o sistema financeiro mundial só não ruiu totalmente porque os governos dos diferentes países se chegaram à frente para cobrir as fraudes financeiras que circulavam entre Bancos. Infelizmente, nesta área ainda há muito caminho para percorrer e aperfeiçoar o sistema social-democrata.
Posto isto, é fácil de ver que estas eleições autárquicas, que mostraram duma forma insofismável a necessidade e a oportunidade destas eleições para encostar e substituir os corruptos ou incompetentes, seriam impossíveis tanto no regime salazarista como em qualquer país em que o marxismo se tenha apoderado do aparelho de Estado. Nesses casos, todos os líderes locais dependem da sua fidelidade – sinónimo de subserviência - ao líder nacional.
- Está tudo bem nas autarquias?
- É óbvio que não. Continua a haver incompetências, os partidos continuam a dar sinais das suas limitações e fragilidades, apresentando muitas vezes candidatos que são fruto do seu narcisismo e egoísmo, que os leva a apoderarem-se dos partidos através de autênticos sindicatos de voto. Mesmo assim, qualquer outro regime político potenciaria a corrupção e a incompetência dos autarcas nomeados pelo Poder Central, sem que o povo pudesse substituí-los ou penalizá-los.
Por isso, será necessário existir uma permanente abertura para aprofundar a democracia que temos, tornando-a mais transparente em tudo o que envolva negócios e contratações de pessoal, quer a nível nacional, quer a nível local, mas nada substitui a democracia, como as últimas eleições autárquicas vieram demonstrar, sem margem para dúvidas.

César Rodrigues

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