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SOBRE O BLOGUE: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blogue, apenas vinculam os respetivos autores.

segunda-feira, 27 de setembro de 2021

... do ter e do ser

Por: Fernando Calado
(colaborador do Memórias...e outras coisas...)

Pensamos que somos donos das coisas que avaramente vamos juntando ao longo da vida para nosso desassossego.
… a minha casa… a minha horta… o meu quintal…a minha quinta… e afinal tudo nos é emprestado para partilharmos, harmoniosamente, com todos os seres vivos que dividem connosco a grandiosidade imensurável do universo…
Andava eu, na minha pequenez de aldeão, incomodado com uma, ou outra silva que persistentemente vão nascendo no meu quintal … primeiro é um rebento inofensivo, depois duas folhas, finalmente crescem esplendorosas, tal e qual como os embondeiros que ameaçavam o pequeno planeta do pequeno Príncipe do Saint-Exupéry.
… os vizinhos hão de dizer… ou quiçá pensar: - que malandro… descuidado… nem corta as silvas… esta gente da cidade não cuida de nada…. Valha-nos Deus!... e coçavam a cabeça tirando o chapéu de palha, como quem não quer a coisa!....
… e assim, as silvas, traziam-me amistosamente incomodado! E acho que as silvas pressentiram na sua sensibilidade… no seu coração de silva… nos seus espinhos cravados na alma, a minha avareza… o meu incómodo… a minha falta de jeito para lidar com a partilha ecuménica… tudo é de todos… porque todos estamos presos neste pequeno planeta azul onde temos que coabitar… mas não disseram nada… e na minha ausência cobriram-se das mais doces e bonitas amoras… como quem diz… pega lá o pagamento pelo empréstimo dum palmo de terra!... …palerma!
… fiz que não entendi… 
… que amoras tão doces… disse… envergonhado!
… e as silvas sorriram… da minha atrapalhação de humano… de aldeão que às vezes ainda acredita que o mundo acaba nas cercanias da Serra da Nogueira… da Serra de Nossa Senhora da Serra.
… que dia tão azul!

Fernando Calado nasceu em 1951, em Milhão, Bragança. É licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto e foi professor de Filosofia na Escola Secundária Abade de Baçal em Bragança. Curriculares do doutoramento na Universidade de Valladolid. Foi ainda professor na Escola Superior de Saúde de Bragança e no Instituto Jean Piaget de Macedo de Cavaleiros. Exerceu os cargos de Delegado dos Assuntos Consulares, Coordenador do Centro da Área Educativa e de Diretor do Centro de Formação Profissional do IEFP em Bragança. 
Publicou com assiduidade artigos de opinião e literários em vários Jornais. Foi diretor da revista cultural e etnográfica “Amigos de Bragança”.

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