A ideia parte "do aproveitamento da matéria-prima que temos", afirmou o presidente da junta da União das Freguesias de Aveleda e Rio de Onor, Mário Gomes, este domingo, durante a apresentação do projeto em Rio de Onor, a aldeia que é uma das Sete Maravilhas de Portugal.
A freguesia composta pelas aldeias de Aveleda, Guadramil, Rio de Onor e Varge é rica em fauna e flora, onde veados e cegonhas convivem, mas também em património e em cultura, de que os caretos e as festas dos rapazes são o expoente máximo e resquícios do antigo comunitarismo. Além disso tem dois dialetos, o rionorês e o guadramilês, em risco de se perderem.
É, precisamente, toda esta matéria-prima que o autarca quer aproveitar para atrair turistas, partindo da recuperação do património, como escolas, moinhos e antigas casas dos médicos. "Queremos valorizar, recuperar e promover o património que temos, para divulgar a oferta turística na região e atrair mais gente. Vamos ainda criar um posto de trabalho", descreveu Mário Gomes que não perde de vista o outro lado da fronteira não só para alargar a rota, mas para captar visitantes.
O autarca estima um investimento de meio milhão de euros para erguer este caminho para salvar a fronteira, onde vivem cerca de 200 pessoas, em quatro aldeias.
A secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira, considera que "o mais importante é estar finalizado", porque o projeto é muito importante em termos transfronteiriços. "Dentro do Programa Interreg temos o POCETEP-Programa Operativo de Cooperação Transfronteiriça que será uma fonte de financiamento e um caminho para este projeto e no Programa de Recuperação e Resiliência há programas ligados às aldeias despovoadas", afirmou a secretária de Estado.
A apresentação foi "o dia um do compromisso, para que o sonho se torne realidade", destacou o autarca, que lançou um apelo aos vizinhos espanhóis para que "tornem a cooperação transfronteiriça uma realidade" e que colaborem para erguer o projeto.
Apesar de a ideia assentar no valor natural e cultural desta zona transfronteiriça, a junta de freguesia quer fazer uma aposta na tecnologia para proporcionar ainda experiências virtuais ou holográficas na recriação dos costumes. "Por exemplo saber o que sente um careto na festa dos rapazes", sublinhou Mário Gomes.
O património da freguesia é vasto. Existem 12 moinhos de água, três prontos a trabalhar, várias escolas primárias desativadas e outros edifícios. Na escola de Aveleda querem instalar um centro de apoio aos exploradores. Na escola de Rio de Onor, a ideia passa por criar um centro de interpretação da cultura e dos costumes. Em Guadramil, a casa do médico vai ser recuperada para instalar um centro de divulgação dos dois dialetos da freguesia, o Rionorês e do Guadramilês. Na casa do médico de Varge vai ser instalado um centro etnográfico.
A ideia foi apresentada a uma comitiva ibérica composta pelas secretárias de Estado da Valorização do Interior e do Turismo, o embaixador Português em Madrid, o conselheiro regional para a cultura e Turismo de Espanha, Xavier Ortega, e representantes do turismo portugueses e espanhóis.
"Reunimos em Rio de Onor uma série de entidades que podem dar uma ajuda para tornar este projeto realidade, mostrar o seu valor e assumir o compromisso que o vamos desenvolver", observou João Mira Gomes, embaixador de Portugal em Madrid que quer "construir pontes e facilitar contactos".
Quem pela primeira vez viu o interesse do projeto foi Maria de Lurdes Vale, diretora de Turismo de Portugal em Espanha, que há dois anos durante uma visita à região para ir à Feira do Fumeiro de Vinhais acabou por se deslocar também a Rio de Onor, acabando por se encantar com este sonho de uma grande rota pelo Montesinho.
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