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SOBRE O BLOG: Bragança, o seu Distrito e o Nordeste Transmontano são o mote para este espaço. A Bragança dos nossos Pais, a Nossa Bragança, a dos Nossos Filhos e a dos Nossos Netos..., a Nossa Memória, as Nossas Tertúlias, as Nossas Brincadeiras, os Nossos Anseios, os Nossos Sonhos, as Nossas Realidades... As Saudades aumentam com o passar do tempo e o que não é partilhado, morre só... Traz Outro Amigo Também...
(Henrique Martins)

COLABORADORES LITERÁRIOS

COLABORADORES LITERÁRIOS
COLABORADORES LITERÁRIOS: Paula Freire, Amaro Mendonça, António Carlos Santos, António Torrão, Fernando Calado, Conceição Marques, Humberto Silva, Silvino Potêncio, António Orlando dos Santos, José Mário Leite. Maria dos Reis Gomes, Manuel Eduardo Pires, António Pires, Luís Abel Carvalho, Carlos Pires, Ernesto Rodrigues, César Urbino Rodrigues e João Cameira.
N.B. As opiniões expressas nos artigos de opinião dos Colaboradores do Blog, apenas vinculam os respetivos autores.

terça-feira, 12 de abril de 2022

Empresário acredita em nova oportunidade para os cereais pobres da Terra Fria

 Um empresário de Bragança acredita que há uma nova oportunidade para os cereais da Terra Fria Transmontana, que antigamente foram considerados pobres, e quer convencer os agricultores a voltarem a plantar os cabeços abandonados.


Luís Afonso é proprietário de uma das poucas moagens que resistem no interior de Portugal e vê na atual crise e escalada dos preços dos cereais uma oportunidade para recuperar o afamado centeio da Terra Fria ou o trigo barbela e trigo espelta.

O empresário garantiu à Lusa que ele próprio irá tomar a iniciativa, contactando presidentes das juntas para saber da disponibilidade de terrenos, nomeadamente baldios, para fazer as primeiras sementeiras que espera venham a ser replicadas pelos agricultores da região.

A Moagem do Loreto, que agora gere, foi criada pelo avô e é a mais antiga empresa em laboração em Bragança, com quase um século e uma das três unidades do setor que restam no interior do país, junto com as de Tó, em Mogadouro, e outra em Alcains, Castelo Branco.

A chamada Terra Fria não tem as melhores condições para fazer cereal, mas há um em que se destacou a nível nacional, o centeio que há algumas décadas ocupava os cabeços e enchia os silos, com o armazenamento de 14 milhões de quilos só nos de Bragança.

“A Terra Fria Transmontana é a melhor e a maior região produtora centeio de Portugal, dizia-se até que o centeio de Bragança era o melhor do mundo”, enfatizou o empresário que acredita que há agora condições para voltar a produzir.

O estímulo imediato que Luís Afonso aponta é o preço do centeio que duplicou desde julho de 2021, passando de 180 para 370 euros a tonelada, com um aumento mais expressivo devido à pressão da procura para armazenamento depois do início da guerra na Ucrânia.

“Talvez esse seja o maior estímulo para alguns, este ano, já fazerem cereal. Já tenho ouvido as pessoas a falar que de facto este ano já estão a preparar o terreno para semear”, contou à Lusa.

O preço pode não ser o mesmo no futuro, mas acredita ser possível “triplicar a produção por hectare” com a ajuda da investigação, nomeadamente do Ensino Superior e de instituições como o politécnico de Bragança.

“E se a terra estivesse lavrada para produzir cereal, combatia-se a arborização espontânea diretamente e de forma indireta os fogos florestais. A produção de cereal favorece a fauna cinegética e também se potencializa a parte do turismo”, acrescentou.

Para que este cenário seja possível, o empresário defende medidas nacionais, mas sobretudo da União Europeia “para a retoma do cultivo dos cereais, como fez no passado pagar para não se deixar fazer ou abater a frota pesqueira portuguesa”.

Da parte do Estado português, o empresário defende a criação de uma extensão rural, idêntica à época em que os engenheiros florestais iam juntos dos agricultores “explicar como podem ter melhores práticas para fazerem melhor e mais quantidade de produção por hectare”.

O cereal produzido atualmente na região equivale a apenas meio dia de trabalho na fábrica, que mói 60 toneladas de cereal por dia que vai buscar a Espanha ou aos portos de mar, como o de Leixões, na zona do Porto.

Nos primórdios desta unidade, a Terra Fria só produzia centeio, o cereal que se dava no frio e na montanha e que era “o pão dos pobres, o pão escuro”.

O centeio chega agora de Espanha à cidade onde se faziam filas de tratores para descarregar nos silos, onde a linha de comboio passava propositadamente para levar o cereal para o Porto.

“Tudo quanto era cabeço, era cereal”, recorda.

Além do centeio, o empresário chama ainda a atenção para outros cereais que se faziam nestas terras, considerados mais pobres, que se perderam e que hoje “há mercado para eles”, concretamente o trigo barbela e o trigo espelta.

“É um trigo que já está a ser muito mais bem pago do que o trigo normal, podemos pagar ao agricultor acima do preço normal”, apontou.

A moagem de Bragança emprega 15 pessoas e planeia investir três milhões de euros na modernização para expansão no mercado, que atualmente é “essencialmente a zona Norte e litoral de Portugal, alguma coisa para Cabo Verde e Guiné-Bissau” e já exportou farinha de centeio para Espanha.

Fotografia: António Pereira

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